domingo, 5 de julho de 2020
Escrevendo Corporação Gaia II - Daphnée Dubois
Daphnée Dubois, francesa, primogênita e herdeira da construtora Dubois, perdeu a mãe aos cinco anos e nunca recebeu a atenção devida do pai.
Já adulta, mas muito jovem, por pressão de alguns setores da alta sociedade, casou, casou e casou... três matrimônios, um mais desastroso que o outro...
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Mas hoje não... por mais que toda a rotina da casa estivesse perfeita e em dia, o fato de sua patroa e amiga estar deitada no sofá da sala, era motivo de extrema preocupação. E mesmo ela tendo pedido, na verdade ordenado, para ficar sozinha, Louise não aguentou mais e naquele momento, desobedeceu a ordem gritada há pouco mais de uma hora.
Louise caminhou até a sala e tentando puxar assunto, disse:
- Senhora Dubois, precisa de alguma coisa?
- Preciso... ficar sozinha... eu já disse... e não tem ninguém aqui além de nós... você sabe que eu odeio... quando você me chama de senhora... - respondeu ela, com muita má vontade.
- Desculpe querida, é força do hábito... o protocolo...
- Dane-se o protocolo... dane-se o mundo... dane-se a minha vida... me deixa sozinha - ordenou ela, se virando no sofá.
- Não fale assim querida, você já passou por tanta coisa... eu não aguento te ver assim - disse ela, emocionada e chegando mais perto.
- Sim... você viu tudo de perto não é? Mamãe, papai... e o que dizer do trio, qual você acha que foi pior? O abusador, o agressor ou o traidor?
- Sim, eu vi tudo... mas, mesmo com tudo isso, tem uma coisa que eu nunca vi, querida... e isso está me preocupando muito. Eu nunca te vi caída no sofá, sem comer, sem se banhar e chorando... você não está bem...
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E sem querer, seu caminho cruza com o de Natasha Bykov em Berlim... e de uma conversa descontraída no bar, nasceu uma grande amizade...
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E por volta das 21:00 hs, enquanto experimentava uma bebida colorida e engraçada que tinha chamado a sua atenção no cardápio, que ela viu Daphnée entrando pelo acesso principal.
- Daphnée! Daphnée! - chamou ela, bem alto, após se levantar e ao mesmo tempo em que acenava.
- Natasha?! - quase gritou a garota, vindo rapidamente em sua direção.
- Que bom que você veio, eu estava te esperando, senta, senta! - disse Natasha com um sorriso.
- Vous veio parra me verr? Est conseguiu une table? Vous êtes belle - respondeu Daphnée, se sentando e sorrindo.
- Claro... adorei te conhecer ontem e queria falar contigo de novo.
- Je suis là, mon amour... est querr falarr sobrre? - perguntou ela, enquanto acenava para o garçom.
- Qualquer coisa... o que importa e que podemos brindar a vida de novo, não?
- Naturellement...
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E qual será o papel dela na vida de Natasha? O que o destino reservou para as duas amigas? Como duas pessoas tão diferentes poderão confiar uma na outra?
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Após quase uma hora, Natasha acabara de sair do banho, vestindo um roupão fofinho e com uma toalha enrolando o cabelo. E foi ao pisar no quarto, que aparentemente Daphnée se assustou e virou a cabeça em direção a ela, com os olhos arregalados.
- O que foi Daphy? - perguntou ela com naturalidade, mas sem receber qualquer resposta.
Natasha tirou a toalha e enxugou os cabelos, quando insistiu na pergunta:
- O que foi, coisa?
- Quem é você? - perguntou Daphnée com a voz assustada.
- O que? Que raio de pergunta é essa? - perguntou Natasha, sem paciência para joguinhos.
- Qual é o seu nome? - perguntou Daphnée de novo, de forma estranha.
- Tá bom coisa, vou entrar na sua brincadeira... meu nome é Natasha Bykov... posso saber o que acontece agora? - respondeu ela, sem muito interesse, enquanto continuava a enxugar o cabelo.
- Mesmo? Tem cerrteza... que não é... Mileva Nikolin? - disse ela, tremendo a voz.
Natasha travou. E sentindo uma pequena palpitação enquanto a encarava, respondeu:
- O que você disse?
Daphnée não respondeu, mas seus olhos começaram a se encher de lágrimas.
- Repete o que você falou, Daphy - disse Natasha, começando a andar na direção dela.
- Non! Non! Fica longe! - disse ela, tremendo todo o corpo. Ao estender o braço, fazendo sinal para ela não se aproximar, Natasha viu seu passaporte na mão dela.
- Por que você pegou meu passaporte?! - quase gritou Natasha, dando um passo forte em direção a ela, apenas para parar no segundo seguinte.
- NON! FICA LONGE! - gritou ela, desesperadamente - Se não chamo polícia! Fica longe de mim!
Natasha percebeu naquele instante que faltava apenas uma pequena gota para Daphnée surtar, já que ela estava apavorada e não raciocinava direito. Ela teria que ter muita calma e pior ainda, acalma-la.
- Tudo bem, estou longe... não vou fazer nada... você sabe que eu nunca faria nada contigo - disse ela, parada e com a voz mais calma possível.
- Non! Você mentiu prra mim! Igual todos! Eu nem sei seu nome! Eu sou uma idiota! Só sirrvo prra serr enganada! - falou ela, agora, desabando a chorar.
- Daphy, desculpe minha reação, mas eu nunca menti pra você... você acompanha minha vida, sabe meu nome e sabe no que eu trabalho...
- Mentirra! Quem é você de verrdade? Diga-me.
Natasha respirou fundo, realmente Daphnée tinha razões por estar desconfiada, mas hoje, ela saberia de tudo.
- Daphy, eu sou Natasha Bykov, moldaviana, filha de Anton Bykov e Ileana Bykov, pertenço a uma linhagem aristocrata que foi dizimada durante a guerra contra a URSS. Vivi todos os anos da guerra no castelo Peterhof, fui assessora do príncipe quando ele retornou do exílio, trabalhei na KGB até o fim da guerra fria, depois me tornei agente da CIA. Eu sou Natasha Bykov, a mulher que nunca mentiria pra você.
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