quinta-feira, 27 de maio de 2021

Lançamentos da semana: Gibizinho, Margarida, Chambinho e Almanaque do Urtigão

Destaques da semana em AGibiteca:

  • De Alcides Ota, Gibizinho 10, 12 e 18, trazendo Chapolim e Turma do Arrepio;
  • Dos Esquilos, Almanaque do Urtigão 02, Margarida 257 e Um Presente Chambinho 02 (Mickey).

Ainda: Almanaque do Tio Patinhas 10, Almanaque do Zé Carioca 08, Disney Especial Reedição 48, Mickey 822, As Melhores Piadas do Zero 10, Garfield fica em Casa, Crás 03, Almanaque Disney 254, Eureka 02 e 03, Zero Eterno 03 e 04 e Coleção Ziraldo 01.

Por fim, foram adicionadas as 58 edições da Revista Disneylândia à pasta Disney Clássicos.

Boas leituras.

domingo, 23 de maio de 2021

Após o Horizonte - Capítulo X - Familia [Conclusão]


Após o Horizonte
Capítulo 
X - 
Familia


Hoje...

Era inútil... não estava adiantando nada...

A água fria caía em minhas mãos, mas o resultado não era bem o esperado. Normalmente o ritual de me fechar no banheiro, respirar fundo, lavar as mãos e o rosto me fazia relaxar, mas hoje... creio que apenas um calmante, um típico sossega leão, faria eu me acalmar.

Talvez a certeza de que há  pessoas lá fora que esperam ansiosamente por minha volta, não permita que minha cabeça desligue. Mas não, não é só isso, já que qualquer coisa nova, qualquer lugar diferente, qualquer mudança de rotina, me traz a mesma sensação de estar sendo observada, e por mais que isso tenha se tornado frequente, ainda não consegui diminuir o incômodo intrínseco.

Normalmente evito me olhar no espelho... as vezes não acredito em tudo que aconteceu... as vezes penso estar vivendo fora da realidade ou até mesmo, que tudo isso é apenas um sonho do qual não acordei.

- Alice! Vai demorar? - foi o grito que ouvi lá de fora.

- Já vou! - foi minha resposta no mesmo tom e altura.

Sei que preciso voltar até eles, mas o fato de não saber o que me espera é angustiante. Não posso fugir, mas gostaria de ser poupada de tudo isso... mas... talvez se eu pudesse me olhar no espelho sem pensar, sem lembrar de que a contagem regressiva está correndo, talvez... talvez eu ficasse mais tranquila.

No fim, por mais que tenha desviado os olhos, não foi possível evitar... ao me encarar no espelho por um segundo, uma voz na minha cabeça repetiu o destino em forma de uma sentença inevitável. "Seis meses".

- Seis meses... - balbuciei bem baixinho.

Não posso esquecer que prometi pra mim mesma que não falaria ou pensaria nisso hoje... hoje não... hoje... minhas obrigações deveriam ser cumpridas a risca, nada podia dar errado.

E com essa convicção, respirei fundo novamente, abri a porta e me preparei para dar o primeiro passo em direção a quem me aguardava... e em questão de segundos, todos os olhos do ambiente fizeram questão de se fixar em mim, como se esperassem pela minha próxima ação ou palavra.


Há seis meses...

Não sei quanto tempo fiquei desmaiada, mas não pode ter sido muito... e eu voltei a si, tão repentinamente quanto tinha apagado.

- BRI!!! - gritei, assim que abri os olhos - BRI! CADÊ VOCÊ?! - insisti, me levantando e correndo em direção a porta, imaginando se ainda poderia alcança-la.

- Ali... - foi o que ouvi baixinho atrás de mim, de dentro do banheiro, para onde olhei imediatamente.

- Ali... eu... estava molhando uma toalha para colocar na sua testa... imaginei que ajudaria a te acordar - concluiu ela, saindo do banheiro.

Que alívio senti neste instante! Por um momento pensei que ela poderia ter saído, ido pra praia para... não, não quero pensar... nesta hora, não aguentei e corri em sua direção para abraça-la.

- Sua... louca... desgraçada... como pode... pensar em fazer isso? - falei já abraçada, quase gritando e começando a chorar.

- Ali... eu...

- Desgraçada... sem se despedir... sair da minha vida... sem me explicar... desgraçada... maldita - eu repetia sem parar de chorar, ao mesmo tempo abraçada e socando a parede ao lado dela. Creio que foi isso que evitou que a pegasse pelo pescoço.

- Ali... me desculpe - foi a resposta, também começando a chorar - O medo, a angústia e a solidão foram repentinos e assustadores... por favor... me perdoe.

Após ouvir isso não consegui falar mais nada, somente a puxei até a cama, a deitei e a abracei com força. Minhas lágrimas não paravam e certamente este não era o momento ideal para argumentar qualquer coisa. Precisávamos conversar, mas mesmo isso seria adiado mais um pouco, pois assim que me senti melhor, comecei a beija-la sem dizer nenhuma palavra.

E com isso, a hora seguinte foi diferente de tudo até então. Parece que fazer sexo com ela sentindo-a como uma mulher normal, associada a sensação de quase perda, havia feito aflorar em meu peito sentimentos muito mais profundos. Aparentemente, ao mesmo tempo em que nossa relação diminuiu em intensidade, aumentou consideravelmente em amor.

Creio que se eu parasse para pensar um instante em tudo que me aconteceu desde que começaram estas benditas férias, neste momento eu estaria deitada em um quarto acolchoado, usando uma camisa de força, gritando e babando.

Mas não podia me dar a este luxo, afinal, estava deitada com uma ex-deusa que pensava em se matar para fugir desta porcaria de mundo que chamo de lar. E eu teria que convence-la que valia a pena ficar por aqui... comigo.

Para isso, gastei mais algumas horas em silêncio... comendo um pouco, dando água para ela, a beijando... tudo isso sem falar qualquer palavra, já que em meu interior, minha cabeça tentava criar uma linha de raciocínio que fosse lógica e irrefutável. Meus anos como auditora me ensinaram a procurar minúcias, detalhes e nuances imperceptíveis para a maioria das pessoas, e agora, era este talento que poderia dar um novo rumo para minha vida.

- Viu meu amor? Eu não disse que nada tinha mudado? Nosso amor é inabalável - comentei finalmente, quando me senti pronta para falar, enquanto passava o nariz e boca no seu rosto.

- Fico feliz Ali... mas... isso não muda o fato de que sou uma estranha em seu mundo... e que eu não existo... e que o tempo em que eu passaria aqui me tornaria totalmente dependente de você... e isso além de não ser justo, não me agrada - respondeu ela de forma melancólica.

- Sim, mas... eu refleti muito e posso dizer que você não tem nada a perder em continuar aqui... afinal, o que são algumas décadas para você, que existe há milhares de anos? - falei tentando ser convincente.

- Milhões, na realidade.

- Tá, que seja - concordei com um novo susto. Era incrível como ela ainda me surpreendia quando falava com tanta tranquilidade sobre algo tão... assustador.

- Mas é tão estranho Ali, a necessidade física é um tormento... precisei comer, beber água e fiquei tão envergonhada quando você teve que... que... me ensinar a... a... o que eu tive que fazer mesmo?

- Xixi - respondi, constrangida.

- Viu? Não pode ter nada pior para um ser humano do que fazer... xixi... que coisa mais horrível.

- Então... na verdade... existem coisas muito piores, mas tudo a seu tempo, ok? Agora precisamos falar sobre você e sobre nossa vida.

- Estou ouvindo Ali, mas ainda acho mais fácil, simplesmente voltar para meu povo.

- Lógico que é mais fácil, CARALHO! - gritei angustiada - Viver não é fácil, mas me deixa falar... por favor!

- Tudo bem, vou ouvir... desculpe - respondeu ela, com tristeza.

- Bri... você já veio para meu mundo dezenas de vezes... aproveitou, descobriu, sentiu e no final, voltava para seu local e esquecia tudo, correto? Você disse que seria purificada das emoções e sensações.

- Sim, é isso mesmo.

- Me diz uma coisa. Qual foi o tempo máximo que alguém do seu povo ficou aqui? Tanto com o corpo que você tinha quando te conheci, como com o corpo que você tem hoje?

- Na nossa forma normal, alguns anos... nesse corpo físico, bem pouco tempo na realidade. Ninguém do meu povo aguentou ficar neste corpo por mais que um dia ou dois... e eu tinha medo de descobrir o porquê. Agora eu sei... fome, sede, medo, fazer xixi... isso tudo é horrível, como vocês aguentam?

- Não temos escolha, não é? Diferente de vocês "deuses" - respondi ironicamente.

- Desculpe Ali, não quis lhe ofender. Mas por favor, onde quer chegar?

- Bom, você tem uma chance única de entender como realmente é a vida que nós mortais temos... talvez o que falte a seu povo é uma compreensão profunda sobre tudo que somos e tudo pelo que passamos. Você terá uma experiência única e mais conhecimento sobre nós do que qualquer um de seu povo.

- Sim, tem razão... mas eu nem imagino como começar.

- Este é o ponto. Os outros que tentaram não tiveram qualquer apoio, estavam sozinhos e não sabiam o que fazer. Eles não tinham alguém disposto a ensina-los a viver entre os humanos, coisa que você tem.

- Mas, vai te incomodar...

- Claro que vai, mas apenas a princípio. A medida que você aprender a viver, poderá tomar suas próprias decisões, descobrir o que gosta de fazer, trabalhar em alguma coisa, ganhar seu dinheiro... enfim, viver... ao mesmo tempo em que me faz companhia e me deixa feliz por você estar aqui. Bri, você sabe que pode voltar a qualquer momento, a única coisa que lhe peço é uma chance de ser quem você precisa, ser sua família... um ano, talvez... se em um ano você achar que não vale a pena, terá todo meu apoio para ir embora.

Ela silenciou e ficou assim por alguns minutos. Obviamente estava refletindo sobre tudo o que falei, então não devia apressa-la. E após uns dez minutos, ela disse finalmente:

- Sim, o que você disse faz todo o sentido... se você realmente se dispõe a me ajudar, o que é um ano? Será difícil, doloroso, mas talvez eu aprenda mais neste único ano do que em todos os milhares que meu povo observa o seu.

- Então... e neste ano, eu serei sua família e farei tudo para você - comentei com alegria e alivio - Vou te levar pra minha casa, te ensinar tudo o que precisa saber, vou te proteger, alimentar e te deixar confortável. É só isso que te peço, uma chance.

- Mas eu não entendo Ali, por que está fazendo tudo isso por mim? Agora sou apenas uma humana, que não pode mais...

- Quer calar essa boca? - interrompi ela com raiva - Você não é apenas uma humana, você é a pessoa que eu amo... a pessoa que conquistou meu coração e que agora, eu não quero mais viver sem. Eu te amo! Você não entende?

- Eu... não sei se entendo... não sou mais empata... não posso refletir seus sentimentos... e as únicas coisas que sinto agora são angústia e medo... eu não sei o que é amar - respondeu ela com toda sinceridade.

- Então esta é mais uma coisa que irei te ensinar. Claro que neste quesito sou uma péssima professora, mas prometo dar o meu melhor - respondi, também bem sincera.

Senti os braços dela me apertando ao mesmo tempo em que seu corpo se encolhia um pouco. Parece que finalmente ela havia relaxado, e por isso voltei aos argumentos sobre sua permanência.

- Então minha linda, você só tem a ganhar ficando aqui comigo... eu prometo te amar, cuidar de você, garantir que não lhe falte nada... em troca, só peço que você permita que eu faça isso, por pelo menos um ano.

- Sim, eu permito... engraçado, não consigo imaginar te negar algo, o que pode ser isso?

- Vou deixar você descobrir sozinha - foi minha resposta, com outro abraço.

- Ali, só fiquei com uma dúvida, você disse que havia algo pior que fazer xixi. Do que se trata?

- Na hora certa você vai saber - foi minha resposta, um tanto constrangida.

- Tudo bem Ali, eu aceito ficar com você por este tempo, mas por favor tenha paciência.

- Eu terei... mas que estranho, assim de repente, sinto que tem alguém me observando.

- E tem mesmo... creio que meu povo ficou bem curioso para saber como será minha vida como mortal... eles provavelmente não esperavam que eu realmente ficaria aqui, então se acostume.

- Isso é o de menos, mesmo porque sendo você humana, teremos muitas coisas pra fazer.

- O que por exemplo?

- Depois a gente pensa... mas agora, só quero te beijar de novo meu amor - comentei a agarrando rapidamente.

Eu sei que fazer sexo não é tudo na vida, mas por mim, ficaria um mês inteiro com ela, só parando para comer, beber, dormir e ir ao banheiro... realmente estava viciada na minha querida, normal e não mais sobrenatural Brigit... e espero que essa deliciosa sensação não mude nunca.

Engraçado, no fim eu sairei daqui casada? Acabei de me lembrar do sujeito que vendeu o pacote de férias... que disse que a última pessoa que veio pra cá dizendo a mesma coisa que eu, voltou casada... não sei se volto lá para agradecer ou para lhe dar uns tapas.


Hoje...

Queria tanto que hoje fosse um monótono domingo normal, mas feliz ou infelizmente, as circunstâncias eram completamente inesperadas para todos os envolvidos, e só espero que eu não me arrependa de ter aceitado isso.

- Finamente Alice, a comida está esfriando - disse minha mãe, em um tom pouco amigável.

- Estava lavando as mãos,  mãe! - me justifiquei enquanto sentava à mesa. Já meu pai e a Bri não abriram a boca.

- Coma mais querida, por favor pegue a vontade...

- Agradeço senhora mãe da Alice, mas meu prato ainda está cheio.

- Ruth, meu amor, me chame de Ruth... e sem cerimônia, tem que comer mesmo - disse minha mãe, colocando outro bife gigante no prato da Bri.

- Mãe! Ela não vai aguentar comer tudo isso - falei sem poder fazer nada.

- Vai sim! Ela é magrinha, precisa ganhar um pouco mais de corpo e peito... imagina como ela vai ficar linda com uns kilos a mais.

- Mãe!

- Tudo bem, Ali! Eu como devagar e aguento sim... a comida está uma delícia senhora mãe da Alice.

- Obrigada querida! Mas você pode me chamar de Ruth.

- Desculpe, é que eu acho "mãe" uma palavra tão linda.

- Tudo bem meu amor. Mas, onde está sua mãe?

- Eu não tenho mãe, nem pai e nem ninguém... sabe, a Alice é minha única família.

- Brigit! Não fala isso, senão... - interrompi ela, mas no instante seguinte, notei ser tarde demais.

- Como é? Tadinha... então pode me chamar de mãe sim, eu vou adorar ter uma nova filha linda e educada como você. Agora sua família vai ser bem maior, viu?

- Fico feliz, muito obrigada... mãe.

- Mãe, não abusa.

- Quieta! - retrucou minha mãe, me olhando de forma bem séria - Escuta bem, senhorita Alice de Carvalho Mendes, se ousar, se sonhar em magoar esta triste e linda menina, eu acabo com você, entendeu?

- Ela não me magoa, mãe, ela me ama - respondeu Bri com a boca cheia.

- E espero que este "amor" dure mais que uma semana, ouviu senhorita Alice de Carvalho Mendes? – foi a resposta dela com o dedo em riste.

- Pode deixar mãe - respondi resignada.

Bom, o que eu podia esperar? Quando contei para meus pais que finalmente havia encontrado o amor da minha vida, primeiro eles riram... depois ironizaram... quando insisti, fizeram um bolão de quanto tempo eu ficaria com ela. E ontem, após seis meses, um recorde inacreditável segundo minha mãe, ela ordenou que eu trouxesse para o almoço a "coitada que eu estava iludindo desta vez".

Mas pela reação da Dona Ruth, acredito que ela está muito feliz com a possibilidade de sua filha finalmente ter encontrado alguém. E considerando os últimos meses, eu realmente estou mais feliz do que um dia imaginei ser possível.

Emprego novo em uma empresa tranquila, sem aquela loucura e pressão por resultados... uma namorada que descobriu que adora fotografar... finalmente estou morando com alguém que amo... e o principal, a Bri praticamente não precisa mais da minha ajuda no dia a dia. Na realidade nossas únicas discussões são quando a questiono se ela vai mesmo embora após o ano que combinamos... e ela não responde, o que me deixa louca da vida.

- Mas não se empolga, dona Ruth. Talvez daqui a seis meses, a Bri volte para... a Irlanda em definitivo, e eu tornarei a ficar sozinha - soltei sem querer, pois não parava de pensar nisso.

Minha mãe não respondeu de imediato, apenas olhou para a Bri, recebeu um sorriso de volta e se voltou para mim dizendo:

- Bom, bem que você mereceria ser abandonada após magoar tanta gente, mas eu não acredito, essa menina te ama e não vai te deixar.

- Se você está dizendo - respondi, tentando acreditar nisso. Mas quando olhei para a Bri, ela não sorria mais, simplesmente havia voltado sua atenção para o prato a toda velocidade.

Deixa pra lá, melhor falar sobre isso sozinha com ela... mas engraçado, normalmente meu pai fala tanto e hoje ele está tão quieto. Por que será?

- Minha filha, queria te perguntar uma coisa - disse ele finalmente, olhando para a Bri que não parava de comer um segundo.

- Sim, senhor pai da Alice? - respondeu ela, logo após engolir.

- Meu sonho é ter um neto, mas essa minha filha desnaturada nem quer saber disso. Você já pensou em ter um filho?

- PAI!!!!!!!! - quase gritei, desconcertada.

- Calma Ali, ele perguntou pra mim... sim, já pensei diversas vezes, mas nunca falei com a Ali sobre...

- BRI!!!!! Fica quietinha e continua comendo, tá?

- Foi só uma pergunta, filha...

- Tá bom, mas por hora vamos mudar de assunto?

- Ali... já imaginou alguma vez eu sendo mãe? - disse ela me encarando com os olhos quase brilhando.

Pronto, após um longo suspiro, comecei a me arrepender... acho que este almoço vai render muita conversa depois.

Mas o que posso fazer? Eu amo esta garota e é minha responsabilidade cuidar dela... por hora, só posso aproveitar a felicidade que ela me proporciona, torcendo para que este conto de fadas maluco e improvável que virou minha vida não termine nunca.

- Ali, se eu quiser ser mãe, você deixa?

É, realmente um conto de fadas... maluco e improvável.


sexta-feira, 21 de maio de 2021

Mickey All-Stars - Mais uma edição by Glénat

Prezados,

Nesta semana, temos mais um lançamento de edição inédita, o interessante Mickey All-Stars - Disney by Glénat 09. Obrigado ao amigo Carlos Buruaga.


Em 2018, Mickey Mouse completou 90 anos e para comemorar o evento, a Glénat chamou 40 autores de quadrinhos contemporâneos para criar histórias em uma folha.

Regra: No primeiro quadro Mickey entra por uma porta e no último, ele sai. Entre os dois: tudo é possível! A partir disso cada autor abusou de sua criatividade e expressou a sua visão do personagem numa homenagem íntima e infinitamente respeitosa.

Mais edições para todos os gostos...



Uma incrivel e humana história da Mulher Maravilha...






Mais edições do Chico...




E na área restrita, a continuação da coleção da Penthouse.




Aproveitem...


domingo, 16 de maio de 2021

Após o Horizonte - Capítulo IX - Humana


Após o Horizonte
Capítulo 
IX - 
Humana


Hoje é um dia especial pois pela primeira vez não contei há quanto tempo eu estava de férias, já que elas foram... aumentadas.

Ontem, no dia seguinte a minha declaração de amor a Brigit, assim que acordei fiz diversas ligações... para a recepção do hotel, estendi minha hospedagem pagando um mês adiantado e não dando a data de término... para a empresa aérea, adiei meu voo e deixei a data em aberto... para meus pais, avisei que estava adorando as férias e tiraria mais um tempo (minha mãe adorou)... e para meu trabalho, disse que tinha quebrado as duas pernas em uma tirolesa e não tinha data para retornar (passei um recado, nem falei com o chefe).

Estou livre de tudo, exceto do amor que esta coisa linda e quente fez brotar no meu coração. E agora, logo após engolir um copo de café frio de ontem, voltei correndo para a cama.

- Ali, como você está feliz... o que houve?

- Eu estou livre de tudo Bri, e eu vou continuar com você... nada mais me importa - respondi me deitando. Tínhamos até apelidos carinhosos e isso me deixava muito feliz.

- Ali, você sabe que não ficarei aqui para sempre.

- Eu sei, mas enquanto ficar, quero passar cada segundo da minha vida contigo... e você sabe por que? Porque eu te amo! - foi minha resposta, enquanto a abraçava e beijava. Sentir seu corpo esquentar a cada toque, me deixava alucinada de tesão.

- Hmmm... você está tão animadinha.

- Sim! Por sua causa e só pra você.

- Ali, você é maravilhosa, sabia? Nunca imaginei sentir algo tão forte vindo de alguém e acho que estou ficando... como vocês dizem? Viciada em você.

- Eu já estou viciada... quero te beijar, alisar e cheirar você inteirinha, ser beijada e abraçada o dia todo... porque eu te amo!

Ela não respondeu, mas não parou de me beijar... parecia que quanto mais eu me excitava, mais ela ficava excitada... e isso virou um ciclo sem fim.

E continuamos assim por muitos dias... parecia que eu vivia apenas para fazer sexo com a Bri e a cada dia, eu sentia que ela gostava mais, se envolvia mais... eu não sabia como isso iria acabar, mas era simplesmente impossível parar... eu não queria que terminasse e aparentemente nem ela. E minha volta ao trabalho? Que se dane, com todas as letras!

Uma única coisa me importava, amar e ser amada por alguém sobrenatural, quente e impossível de se resistir.


Alguns dias depois...

Mais um dia começava e como sempre, acordei tateando a cama, onde algumas vezes encontrava a Bri aguardando meu despertar e outras vezes, nada. Eu não me importei de não encontrá-la, pois quando isso acontecia, eu ia ao banheiro, fazia xixi, ligava na recepção para pedir um café e voltava pra cama, onde permanecia de olhos fechados.

Como em poucos minutos, minha linda ruiva simplesmente apareceria do nada, após admirar o sol lá fora, estar sem enxergar me poupava do susto. E de alguma forma ela sabia quando eu despertava, pois nunca demorava mais que três ou quatro minutos.

Mas hoje, o café chegou e levantei para pegá-lo... mas algo me impediu de relaxar ou de tomá-lo e repentinamente os poucos minutos de atraso dela me incomodaram demais e então eu fiquei muito, muito preocupada.

- Bri, cadê você? - falei alto e sozinha, pois já havia acontecido deu chamá-la assim e ela simplemente aparecer, mas não houve resposta.

- Bri? Onde está meu amor?

De novo nada... e então minha preocupação começou a virar uma grande angústia. Ela foi embora? Simplesmente havia me deixado sem se despedir? Isso não fazia sentido. Tanto não acreditei nisso, que me troquei e sai do chalé rapidamente, na esperança de que admirar o dia a havia distraído.

Olhei esperançosa para todos os lados e não havia qualquer sinal dela, mas um estalo me deu a certeza de onde ela estava. A praia ficava a dois minutos do hotel, bastava atravessa-lo e descer uma escadaria.

Andei apressadamente com a certeza que minha linda ruiva estava se concentrando naquele negócio de olhar "Após o Horizonte", e certamente isso a impediu de notar que eu estava desperta. Esta certeza fez minha angústia diminuir, mas... a ansiedade de encontrá-la aumentava a cada passo e um senso de urgência estranho me impulsionava naquela direção.

Não gastei nem meio minuto para cruzar a distância até a escadaria, em seguida desci quase correndo e antes de notar, pisava na areia. Fui andando em linha reta em direção ao mar, olhando para os dois lados, e não vendo quase ninguém. Mas alguns segundos depois, fixei meus olhos em alguém sentada na areia há uma pequena distância, bem perto da água... e finalmente respirei aliviada... seu inconfundível vestido de alça verde e o cabelo vermelho não deixavam dúvidas.

Agora andando calmamente, fui até onde meu amor estava, mas percebi algo estranho ao me aproximar mais... o vermelho de seu cabelo não parecia mais aquele tom de fogo vivo, na realidade parecia um ruivo normal... ela teria cansado da cor anterior? E sua pele parecia um pouco mais morena. O que houve?

- Bri, estava preocupada - falei chegando pelas costas dela. E quando ela me ouviu e se virou, eu quase gritei de susto. O rosto dela era bem parecido com a da Brigit, mas seu cabelo e tom de pele eram totalmente diferentes... e seus olhos eram azuis, não mais cinzas. E ela estava... chorando?

- Desculpe moça, creio que te confundi com outra pessoa - falei por reflexo, em dúvida de quem era aquela moça sentada ali.

- A... li... - balbuciou ela, chorando pra valer agora.

Meu coração quase parou quando ouvi meu nome com aquela voz que eu adorava tanto. Dei dois passos pra frente e com os olhos arregalados, me ajoelhei na frente dela.

- Bri... é... você? O que houve?

- Ali... - balbuciou ela, me abraçando e chorando mais ainda. E foi assim que ficamos por um bom tempo, mas sem eu entender realmente o que estava realmente acontecendo.


Trinta minutos depois...

Demorou um bom tempo até que eu conseguisse levar Brigit de volta para o quarto, pois após levantar, ela cambaleou e quase caiu várias vezes... depois veio se apoiando em mim, mas não parou de chorar e nem disse qualquer palavra até entrarmos. E ao pisar dentro do quarto, ela se jogou na cama e se encolheu toda.

Creio que após o susto inicial, fiquei mais tranquila, afinal, o que era uma bizarrice a mais ou a menos depois de tantas? Mas de qualquer forma, estava curiosa para entender o que houve desta vez. E foi com esta resolução, que tirei o vestido e me deitei por trás dela, abraçando-a.

- Bri... o que houve? Por que você está chorando? Nunca te vi assim... fala pra mim, meu amor.

- A... Ali... eu... eu - ela até tentava falar, mas a dificuldade era notável.

- Fala meu amor... seja o que for, estou aqui com você.

E foi após esta frase, que ela se virou e me abraçou bem forte... depois me beijou e em seguida colou o rosto todo molhado no meu peito, o que me fez confirmar o quanto ela estava chorado. Mas parecia que finalmente minha voz a estava acalmando.

- Tudo bem meu amor... fala pra mim o que houve.

- Você... não... está... notando? - perguntou ela de forma hesitante e com a voz chorosa.

É óbvio que eu estava notando que ela estava totalmente diferente. Além das cores do cabelo, pele e olhos, sua pele deixou de ser macia e seu corpo não estava emitindo aquele calor delicioso que eu tanto adorava. Mas preferi não falar nada, pois não sabia o porque dela estar desta forma.

- Bom... seu corpo está... diferente... e você está chorando... sim, notei as duas coisas, mas ainda não entendi o que está acontecendo.

- Ali... eu... sou... humana - disse ela, voltando a chorar.

Esta frase realmente me assustou... curioso... parece que descobrir que a deusa inatingível havia virado uma simples humana como eu... foi a coisa mais assustadora e inesperada que ela podia ter feito.

- Ma-mas... o que houve? Você fez isso? Mas por quê?

- E-eu não fiz... mas... era a única forma... e agora... vo-você... vai me deixar, não é mesmo? E-eu não sirvo mais pra vo-você - respondeu ela, gaguejando e tremendo.

- Bri, por favor... eu juro que não entendi nada, então se acalme e me conte desde o começo, mas independente do que houve, eu te amo, lembra? Por favor calma... e me conte.

- Sim... eu contarei... e aceitarei sua decisão...

- Por favor...

- Esta madrugada... quando eu estava na praia, admirando o luar, um do meu povo me chamou... para conversarmos... e eu tive que tomar uma decisão... e eu... não sei se o que decidi foi o melhor - disse ela, um pouco mais calma.

- Tudo bem, começou bem... agora me conte o que vocês conversaram - falei, um pouco apreensiva. Realmente havia acontecido alguma coisa, e parecia ser bem sério.

- Eu contarei - respondeu ela me abraçando e bem mais calma agora. Já meus sentimentos estavam confusos... era extremamente estranho estar abraçada com ela, sem sentir sua maciez e calor tão característicos e únicos.

- Ontem... eu estava sentada na areia, admirando o luar, sentindo o cheiro do mar... pensando como havia sido o meu dia com você e como seria o próximo... mesmo quando você dorme, eu... eu sempre estou pensando em você.

- Que linda - foi minha resposta com um abraço.

- Então eu ouvi o chamado... existe um plano intermediário que o meu povo utiliza para quando alguém que está no universo material precisa debater com alguém que não está. Nem eu preciso desistir de meu corpo e nem ele precisa criar um, entendeu?

- Sim, uma chamada telefônica astral... interessante - falei brincando.

- Não tem nada a ver com um telefone! É um plano onde nossas consciências podem se comunicar - foi a resposta ríspida, indicando que era melhor não brincar mais.

- Tudo bem, eu entendi... mas o que ele queria?

- Ele me chamou para dizer que alguns do meu povo estavam preocupados comigo... na verdade, conosco.

- Mas por quê?

- Foi decidido há muito tempo que não viríamos mais pra cá em grupo... eu te contei isso, mas não te dei muitos detalhes.

- Quais detalhes? - questionei preocupada.

- Foram definidas inúmeras regras para quem vem para seu mundo, por exemplo, não podemos nos envolver em demasiado com ninguém, se por qualquer motivo nos revelarmos, antes de irmos embora devemos apagar a memória de quem sabe quem somos, não podemos ficar perto de pessoas violentas, não podemos ferir nenhum ser vivo... entre muitas outras e alguns do meu povo, acreditam que estou agindo errado com você.

- Por que nos envolvemos? Mas qual o problema?

- São muitos problemas, Ali... imagine que amanhã eu decida ir embora e não apague sua memória, mas você que vai ficar aqui, nunca encontrará uma sensação igual a que compartilhamos entre os humanos e isso pode lhe trazer sérios problemas psicológicos... acredite, já aconteceu diversas vezes.

- Entendi, mas você... pretende ir embora? - perguntei angustiada.

- Viu só? Entende a preocupação deles?

- Sim... continue por favor - pedi, mudando de assunto.

- E também... eu não devia ter lhe contado tanto a nosso respeito, não deveria deixar você alterar sua rotina e vida e não devia deixar você se apaixonar... foram tantos erros de minha parte, que meu povo decidiu intervir.

- Como assim?

- Eles exigiram meu retorno imediato, queriam que eu apagasse suas lembranças e voltasse temporariamente para minha dimensão. Mas eu não aceitei nem um e nem outro, não conseguiria apagar o amor que você sentiu por mim, pois ele me é tão... importante.

- Você também é tudo pra mim - respondi, abraçando ela mais forte - Mas qual seria o problema de você retornar para seu povo por um tempo? Depois não poderia vir pra cá de novo?

- Poderia... mas quando voltamos, somos purificados das emoções e sensações. Eu esqueceria tudo que já senti e sinto por você... e essas lembranças e sensações me são preciosas demais para eu abrir mão.

- Entendi... fico feliz em saber, mas o que aconteceu quando você não aceitou?

- Ele me deu uma escolha, ou eu apagaria sua memória e voltava... ou... eu ficava aqui com você, mas em um corpo humano.

- Bri... você... abriu mão de seu povo... por mim? - questionei sem acreditar.

- Eu... não tive muito tempo para refletir, tinha que responder imediatamente... e eu disse que não iria... aí... ele me mandou de volta e meu povo mudou meu corpo... eu... não sinto mais suas emoções... perdi o contato com eles... eu... estou... sozinha... - falava ela, chorando um pouco a cada frase.

- Bri... você não está só - respondi a abraçando e começando a chorar também.

- Mas... eu não terei mais calor para te fornecer, nem poderei amplificar suas sensações... não tenho local para ficar ou alimento... eu não existo neste mundo... e o pior de tudo, sou só mais uma humana... igual tantas que você já desprezou.

Esta frase doeu... doeu muito! Sabia que ela tinha razão, mas isso não tornou a acusação menos dolorosa. E agora, uma ex-deusa estava me abraçando, chorando por ter aberto mão de sua divindade por minha causa. E eu me culpava ao mesmo tempo em que não sabia o que fazer.

- Bri, não fala assim... você não é só mais uma... eu... te amo - disse, a abraçando mais forte, tentando segurar as lágrimas.

- Eu sei Ali, mas não posso e nem quero te incomodar com uma dependência total. Por isso um pouco antes de você me encontrar, eu estava caminhando até o mar. Na realidade eu só parei e me deixei cair na areia, porque senti, não sei como, que você se aproximava. Eu... não queria... nao sei porque... que você visse isso.

- Como assim? - questionei preocupada.

- Estando neste corpo, a única forma de voltar para meu povo, o único jeito de voltar a seu eu mesma, é desvincular minha consciência deste universo material.

- Vo-você... não está... me dizendo que... - falei, sentindo uma palpitação e uma forte falta de ar.

- Eu... estava pensando que assim seria mais fácil para nós duas, e também não te incomodaria mais... eu já tinha decidido... mas você chegou... e eu parei.

- Você... estava... você ia... ia..

- Sim... eu só poderei voltar ao meu povo, quando a vida cessar neste corpo.

Eu não havia comido nada ainda e tentava ignorar a dor no estômago, mas nesta hora fui pega de surpresa... e apenas imaginar por um segundo a possibilidade de que ao invés de encontrar Brigit na areia, eu poderia ter encontrado seu corpo afogado e sem vida... imaginar essa cena... fez minha cabeça tontear e meu corpo esfriar.

E antes que eu pudesse falar qualquer palavra, desmaiei e caí pesadamente na cama, deixando o amor da minha vida sozinha... e desta forma eu não poderia tentar impedir que ela voltasse à praia para... se matar.

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A seguir, a conclusão...


quarta-feira, 12 de maio de 2021

Lançamentos da semana: Almanaque Disney, Gasparzinho e vários Gibizinhos

Olá

Lançamentos da semana em AGibiteca.


  • Gasparzinho 66, de Sapo do Brejo;
  • Gibizinho do Chapolim, da Xuxa e da Turma do Arrepio, de Alcides Ota;
  • Almanaque Disney 110 e Um presente Chambinho 4, dos Esquilos.
E mais: Almanaque do Tio Patinhas 11, Almanaque do Zé Carioca 7, Disney Especial Reedição 40, Mickey 488, TV Colosso 1 e 2, Ursinho Pooh  05, Mickey 330, Garfield Leva o Bolo, Margarida 131, Zero Eterno 1 e 2 e Eureka 1.

Boas leituras
AGibiteca

domingo, 9 de maio de 2021

Após o Horizonte - Capítulo VIII - Invólucro


Após o Horizonte
Capítulo VI
II - Invólucro


- Tudo começou há muito mais tempo do que seria possível medir ou definir... se formos mensurar de forma humana, meu povo existe há muitas centenas de milhões de anos do seu tempo.

Essa primeira frase me assustou um pouco... se ela estiver falando a verdade, eu não tenho a menor noção de quem é a pessoa deitada na minha frente... se é que é uma pessoa.

- Mas como não temos contato com vocês? Onde vocês estão? - perguntei após uma longa respiração.

- Imagine que meu povo vive em outro plano, outra dimensão ou como preferir definir, mas a maior diferença entre nós duas é que neste plano, não existe a matéria como você a conhece... basicamente somos entidades sencientes, formadas de energia em sua forma mais pura, em um ambiente fluído que eu não teria como explicar em termos humanos.

- Meu... Deus... - balbuciei realmente assustada.

- E existíamos em paz, sem necessidades físicas como alimento, água e descanso... e também não conhecíamos emoções, sensações ou desejos. Mas nossa existência perfeita sofreu um abalo, quando há muito tempo, um evento de magnitude  cósmica reverberou daqui até nossa dimensão. Não sabemos ao certo se foi um conjunto de super novas ou uma colisão de buracos negros, só sabemos que este evento foi tão violento que quebrou a barreira do espaço-tempo deste universo e chegou ao nosso plano, interrompendo nossa tranquilidade ao indicar, sem sombra de dúvidas, que existia algo além de nós mesmos.

- Incrível - balbuciei.

- E uma parte do meu povo teve sua primeira emoção, a curiosidade... e foram estes que passaram a tentar fazer contato e entender o que era este outro plano no qual seu universo está incluído. E após muito tempo e muito esforço, os primeiros de nós conseguiram vencer a barreira dimensional e chegar aqui, no ambiente material. Na realidade, chegaram em um ponto remoto, longe de tudo, o que os fez retornar imediatamente.

- Então você pode ir embora a qualquer momento? - questionei um pouco angustiada.

- Sim... no tempo de uma piscada, eu posso não estar mais aqui - foi a resposta dela, com tanta calma e frieza, que senti um incômodo frio na barriga.

- Mas voltando... após essa primeira incursão frustrada, muito mais tempo se passou até aprendermos como escolher o local onde deveríamos aparecer... e também quais locais valiam a pena visitar. Como não sabíamos nada desse universo de matéria, começamos em planetas com formas de vida mais simples... só microorganismos unicelulares, só plantas, só animais irracionais... queríamos entender o conceito da vida material, antes de fazer contato com uma raça inteligente. Resumindo tudo, somente há cerca de sete mil anos do seu tempo é que decidimos que era hora de fazer contato com sua espécie, uma das raças inteligentes de seu universo.

- E existem outras? – perguntei assustada.

- Inúmeras, mas isso não importa agora. Por diversos motivos irrelevantes para você, escolhemos a sua.

- Mas como... vocês se parecem conosco? - perguntei, tentando não enlouquecer com tudo isso.

- Isso demandou um bom tempo também... como já estávamos estudado a vida material há muito tempo, aprendemos a concentrar parte de nossa energia em um invólucro físico, que poderia conservar a nossa consciência. Temos controle total de tom da cútis, tamanho, força, movimento e outros itens. Os únicos detalhes que não podemos controlar bem é a textura que fica em contato com sua atmosfera ou que a troca de energia gere calor.

- Por isso você é tão macia... e quente...

- Sim... e isso foi muito útil quando fizemos contato com seus antepassados e nos identificamos como "visitantes"... não demorou muito para sermos vistos como deuses, não importava o local ou povo, sempre éramos deuses, e recebíamos nomes e definições conforme nossas preferências sobre as sensações.

- Preferências?

- Sim... um dos nossos pode preferir sentir a emoção da batalha, outro a sensação de saciedade alimentar... eu por exemplo, adoro sentir a paixão, o prazer, o sexo e a geração da vida...

- Tarada...

- Como assim?

- Nada não... mas... isso tudo que você me contou, significa que você não é mulher, digo, você não tem um sexo definido.

- Tem razão, não temos sexo ou gênero e podemos assumir qualquer corpo a qualquer momento. Mesmo porque, biologicamente falando, a única diferença entre um corpo masculino e um feminino é um par de cromossomos, o restante vem de influências ambientais e do processamento químico de seus cérebros.

Eu preferi não entrar em detalhes ou perguntar outras coisas sobre isso, por medo de que poderia ouvir, mas faltava um detalhe que ela não explicou.

- Entendi, mas você... você sempre veio como mulher, digo, você só assume corpos femininos, por que essa preferência?

- Já disse, minha preferência é a geração de vida, o sexo e o prazer... e estes itens são mais facilmente associados as mulheres. Os do meu povo que preferem coisas mais agressivas, batalhas, heroísmo e coisas assim, assumiram corpos masculinos. Tentamos nos adaptar ao que a sua sociedade mais antiga entendia como "normal". Mas há exceções é claro, como alguns de nós que alternam de corpo ou até assumem dois gêneros no mesmo corpo.

- Tá... - foi o que consegui balbuciar, considerando a loucura disso tudo.

- O resto você já viu mas esqueceu... após algum tempo, sempre algum dos meus começava a incitar a violência, a morte e a guerra... aí voltávamos para nossa dimensão... e tentávamos em outro local somente para acontecer de novo, de novo e de novo. Por isso, há cerca de mil e quinhentos anos do seu tempo, decidimos que nunca mais apareceríamos em grupo. Se algum de nós quisesse vir, viria sozinho e evitaria ao máximo o contato com os humanos.

- Mas eu te vi...

- Sim, eu estava tão concentrada admirando o Reino Unido, que me distraí por um momento e você me viu... após um humano nos ver, não conseguimos mais nos esconder dele. Eu já estava naquele banco há vários dias e em uma janela de poucos segundos você me viu, para o bem ou para o mal.

- Por isso o sujeito achou que eu estava sozinha - pensei comigo mesma para completar admirada:

- Você estava mesmo olhando para o Reino Unido?

- Sim, eu consigo projetar minha consciência e enxergar qualquer coisa em qualquer local... claro que depende de concentração total, mas o horizonte não é um limite para nós. Eu estava admirada como o Reino Unido mudou desde a última vez em que estive lá há milhares de anos.

- Mas... por que você está aqui? O que veio fazer aqui?

- Creio que o mais próximo que vai definir minha motivação é que eu fiquei entediada... e queria conhecer este continente do seu mundo. Sempre estivemos do outro lado do oceano, mas eu queria saber como é aqui.

- E você não sabia que eu estava te vendo... por isso só reagiu quando eu te toquei.

- Sim... não podia entender como você podia estar me vendo, mas imediatamente comecei a sincronizar com suas emoções... por isso fui fria, insensível e grosseira, ao mesmo tempo em que fiquei interessada e curiosa.

- Puxa, obrigada... notei que entre suas infinitas qualidades, a sinceridade é a maior de todas - respondi com ironia.

- Não se ofenda Alice, por favor.

- Não estou ofendida, sei que é verdade.

- Então basicamente é isso... tem mais alguma pergunta, ou posso voltar a te tocar?

- Espera! Se você começar não vai parar... tenho sim mais algumas perguntas - respondi rapidamente, ao mesmo tempo em que tentava não pensar na excitante proposta desta... coisa.

- A vontade.

- Como você me curou?

- Sabemos como o processo de cura de vocês funciona, então canalizamos nossa energia para ele e o aceleramos... isso também possibilita recriar dentes ou até membros. Só não podemos devolver a vida que já cessou de existir.

- Incrível... mas você quase me matou também.

- Eu avisei que perderia o controle, você que insistiu em correr o risco.

- Sim... mas, neste corpo em que você está... você nunca sentiu realmente como é ser... humana? Digo... você não consegue sentir fome, frio ou... sede?

Neste momento Brigit se calou... já estou acostumada que as vezes ela reflete antes de responder alguma coisa, então só me restava esperar. E desta vez... demorou quase três minutos, para finalmente ela responder um tanto incomodada:

- Na verdade... após estudar vocês todo este tempo, conseguimos criar dois tipos de invólucro... este, imperfeito quanto a textura e calor, mas que pode ser invisível aos olhos humanos e que permite o retorno a minha dimensão a qualquer momento... e outro... que não ousei criar.

- Não ousou?

- Eu... não vi motivos para faze-lo... o outro... é... perfeito demais.

- Como assim? - questionei realmente curiosa.

- Alice, não há motivos para falarmos sobre isso... não vai acontecer - foi a resposta, mais incomodada ainda.

- O que não vai acontecer? - insisti, para só receber uma resposta após outro minuto.

- Muito bem, o outro invólucro possível é um corpo humano perfeito... com órgãos, necessidades alimentares e sem qualquer poder... quem o utiliza tem a experiência completa e se separa do meu povo... e o pior é que eu não poderia voltar para minha dimensão a não ser que minha consciência seja desvinculada.

- Como assim?

- Não importa Alice! – quase gritou - Não importa como eu poderia voltar para meu local de origem, pois nunca vou assumir um corpo humano... creio que já chega de perguntas, não é? - foi a resposta dela com muita raiva, um instante antes que sua mão direita agarrasse meu pescoço.

- Brigit... calma... - balbuciei assustada. Sua mão apenas segurava sem apertar, mas isso me fez lembrar que ela poderia me matar facilmente em um instante.

- Chega de perguntas! Eu quero lhe tocar, aproveitar sua companhia e você está me fazendo perder tempo - disse ela com raiva. Eu não sei como, mas havia tocado em algum ponto sensível.

- Por favor, calma... me solta... - implorei, olhando nos olhos dela. E por algum motivo, ela tirou a mão.

- Perdoe-me Alice... as vezes eu não me controlo... eu... não sei porque...

- Tudo bem... tudo bem... - respondi arfando. Ela não tinha me machucado, mas foi um belo susto - Eu só tenho mais uma pergunta, na verdade, a mais importante de todas... e depois... serei toda sua.

- Certo... pergunte.

- Você... você disse... que reflete meus sentimentos... sincroniza com minhas emoções... que é empata... mas... também disse que era normal eu estar atraída por você... que sabia que eu voltaria... eu... eu preciso saber se...

- Se?

- Se... isso que estou sentindo por você... essa paixão... é verdadeira ou... - hesitei em concluir a pergunta, talvez por medo da resposta.

- Ou?

- Ou você está me induzindo? Eu realmente me apaixonei por você... ou é algum truque mental ou físico? Eu te amo ou você está me fazendo acreditar nisso para seu próprio benefício?

Curiosamente ela não demorou para responder e ainda abriu um sorriso:

- É verdadeiro, você realmente me ama... e por isso é tão delicioso. Na realidade, estar perto de alguém do meu povo tende a liberar amarras e libertar sentimentos reprimidos dos humanos... você queria amar alguém mas não conseguia... mas comigo, você se soltou e seu amor aflorou... é só isso.

Eu não acreditei no que ouvi... eu realmente estava amando esta... coisa... e também devo estar enlouquecendo, pois minha reação foi tão rápida quanto irracional.

- Brigit... eu te amo... eu te amo tanto... - falei, abraçando rapidamente aquele corpo irresistível, quente e macio. E a única coisa que consegui fazer em seguida foi afundar a boca no pescoço dela enquanto fechava os olhos.

E foi nesta posição que amei e fui amada pelas próximas horas, de uma forma tão intensa e única como nunca imaginei ser possível.


sexta-feira, 7 de maio de 2021

Lançamentos da Semana - Renato Canini, Mangás & Mangás

Prezados, 

Neste semana lançamos a conclusão da coleção do grande Renato Canini, com os volumes 8, 9 e 10.



Mais a continuação dos Mangás Monster, Rayert e Citrus... Kenshin volta no próximo post com o cronograma dos próximos lançamentos. Também trazemos um novo One-Shot Yuri Mangá, Kimi Koi Limit... abaixo a sinopse e algumas cenas...



Kimi Koi Limit é um Yuri mangá com uma bela e dramática história de amor pendente...
Sono confessou amar Satomi, mas ela a rejeitou e depois se mudou para Tókio. Muitos meses se passaram e agora Sono está vivendo também em Tókio, num apartamento compartilhado com sua nova namorada, Hiroko. Porém, Sono não consegue se esquecer de Satomi e ao ficar com Hiroko, chama pelo nome dela. Com raiva, Hiroko a expulsa de casa, e sem ter para onde ir, Sono passa a viver na rua, dependendo de um mendingo para comer.
Sua situação muda quando Satomi a reencontra e a acolhe em sua casa por pena. Mas Hiroko trabalha com Satomi e ao descobrir onde Sono está (muito feliz por sinal) tentará uma reaproximação, algo que gerará diversos problemas...









Também o terceiro Artbook do site Zero Baunilha... E a continuação da coleção da Penthouse na área restrita.



Abs e bom final de semana a todos.

domingo, 2 de maio de 2021

Após o Horizonte Capítulo VII - Paixão


Após o Horizonte
Capítulo VII - Paixão


Assim que o dia clareou, acordei um pouco confusa no meu 14° dia de férias, tateando a cama a procura da bela, macia e quente aparição da noite anterior... e obviamente ela não estava lá. Demorou um pouco para minha cabeça se localizar, parecia que eu tinha acordado de um sonho.  Um longo, inexplicável e delicioso sonho... mas eu estava nua, e nunca durmo sem ao menos uma camisola.

Eu havia sonhado? Brigit não havia estado lá? Ela não tinha me mostrado um monte de coisas? Neste instante tive uma sensação estranha... eu sabia que tinha visto muitas coisas, mas não me lembrava de quase nada, só lembrava das coisas que ela falou... Isis, Afrodite, Amaterasu, Freyja... ela era várias deusas antigas... mas foi tudo um sonho? Será que estou ficando lou...

- Dormiu bem, Alice? - foi o que ouvi, ao mesmo tempo em que gritei de susto.

- Vo... cê... você... quando vai parar de aparecer assim? - reclamei ao mesmo tempo em que sentava na cama com o coração acelerado e a via se aproximar.

- Perdoe-me, mas o dia está tão bonito que decidi ficar lá fora... e agora já estou de volta - foi a resposta com um sorriso, enquanto se sentava na cama, usando o mesmo vestido de alça de sempre.

- Como vou explicar uma ruiva que entra e sai do meu chalé sem passar pela recepção? - perguntei, ainda brava pelo susto.

- Fique tranquila, só você tem o privilégio de me ver - foi a resposta da forma mais natural possível.

- Privilégio... ser ignorada, maltratada, me arrebentar, quase ser morta, achar que enlouqueci, ter uma obsessão doentia por você... se esta lista inteira é um "Privilégio", imagino o que você considera um aborrecimento - foi minha resposta extremamente sincera, pois acredito que havia cansado da sua arrogância.

Talvez Brigit não esperava ser tratada assim... ela silenciou e pareceu refletir por quase um minuto, para só então responder enquanto se levantava da cama:

- Tem razão, como sempre meu povo só traz o mal para vocês... você só queria descansar e por minha causa quase se afogou, depois eu quase te matei, e após tudo isso você passou vários dias com uma dor terrível. Eu peço desculpas, irei embora e não retornarei mais.

- Não, espera! Não foi isso que eu quis dizer - quase gritei, enquanto me levantava e a abraçava - Falei sem pensar, não quero que você vá.

- E como sempre, os humanos ignoram nossas falhas e imploram pela nossa permanência... este comportamento é previsível e se repete há milênios, sabia?

Esta foi a gota... todo o incômodo com a arrogância dela havia atingido seu ápice agora. Eu soltei o abraço, virei meu braço para a direita e lhe desferi uma bofetada com toda força. Ela parecia não acreditar no que fiz e cambaleou um passo para trás com a surpresa, ao mesmo tempo em que colocava a mão no rosto. Já eu... bom... não sou uma pessoa tranquila quando estou com raiva.

- QUEM VOCÊ PENSA QUE É? SE REALMENTE FOR VERDADE QUE NÃO É HUMANA E ESTÁ AQUI HÁ TANTO TEMPO, COMO NÃO CONSEGUIU APRENDER ALGO TÃO ELEMENTAL?

- A... prender o que? - perguntou ela baixinho, ainda com a mão no rosto.

- VOCÊ NÃO RESPEITA OS SENTIMENTOS DE QUEM GOSTA DE VOCÊ. VOCÊ DESPREZA, IGNORA E DESDENHA DE QUEM GOSTA DE VOCÊ. ISSO NÃO É ALGO QUE ALGUÉM "SUPERIOR" DEVERIA FAZER - continuava gritando, sem nem saber porque estava tão alterada.

Acredito que a fiz refletir, pois ela me olhava de uma forma engraçada... mas no fim, nunca poderia esperar a resposta que veio na sequência:

- Tem razão Alice, mas considerando que tudo isso que você disse, é exatamente o seu comportamento com todas que gostaram de você, não entendi o motivo de tanta raiva. Eu apenas te tratei de forma similar a como você trata as outras pessoas.

Essa resposta, associada a calma em sua voz foi como um murro direto no estômago. Sim, eu era uma pessoa horrível com quem gostava de mim, como poderia esperar outro tratamento? Um pouco desorientada virei as costas para ela, caminhei até a cama e deitei-me, abraçando um travesseiro. E nesta posição, algumas lágrimas começaram a brotar.

Mas antes que a primeira lágrima caísse na cama, senti o corpo de Brigit me abraçando. E como pude notar sua pele delicada e quente por meu corpo todo, ela também estava nua. Na realidade, havia uma luta interna na minha cabeça para sair daquele quarto, correndo e gritando, mas teimei e permaneci, mesmo assustada.

- Não foi minha intenção lhe ofender, Alice... por favor, me perdoe novamente - sussurrou ela quase no meu ouvido, o que fez eu me arrepiar toda.

- Desde quando você se importa? Até ontem parecia um iceberg, e hoje... está falando macio, me chama de Alice, me abraça... qual é o seu problema? - questionei, sem admitir o quanto estava adorando seu abraço.

- Meu povo tem conexão com todos os tipos de energia, inclusive a emocional e isso me torna empata em relação a quem está próximo. Eu estou refletindo seus sentimentos, que está mudando de alguém frio e sem consideração para alguém que está sofrendo com emoções intensas e desconhecidas.

- O que você quer dizer, sua... sua... - tentei argumentar, mas me calei e simplesmente virei para ela.

- Quero dizer que você está se apaixonando por mim... e isso é extremamente satisfatório. Você não imagina como é delicioso sentir suas emoções reprimidas aflorando - respondeu ela, sorrindo e alisando meu rosto.

- Reprimida é seu rabo, sua arrogante... eu devia te bater de novo - balbuciava, sem saber o que falar.

- Mas não vai... na realidade, você vai me beijar, iremos nos tocar e ficaremos fazendo isso por horas.

Após essas últimas palavras, me rendi... segurei a cabeça desta linda e gostosa arrogante e a puxei com força em minha direção... os lábios dela eram meu único desejo naquele momento, e o prazer que senti quando seu corpo começou a emanar calor, era algo indescritível.


Três dias depois...

Havia acabado de acordar no meu 17° dia de férias... incrível como não conseguia esquecer desta maldita contagem regressiva em direção ao 20° dia.

Tirando este detalhe, posso dizer que nunca, nunca, nunca em toda minha vida estive tão feliz. Talvez ficar três dias enfiada no quarto, transando com a Brigit quase o tempo todo, só saindo da cama para comer algo e ir no banheiro (duas coisas que ela não fazia), era realmente o que eu precisava fazer nestas férias. Mas mesmo meu corpo estando animado e sedento pelo calor dela, o cansaço começou a me dominar, fora um detalhe que começou como um pequeno incômodo, mas que agora estava piorando rápido.

- Alice? Está tudo bem? - perguntou ela delicadamente. Outro item que estava me deixando feliz era notar que a cada dia, Brigit me tratava melhor, o que segundo ela, era uma simples consequência de meus próprios sentimentos. E isso retornava ao incômodo anterior.

- Sim, só estou cansada, muito cansada na realidade - respondi, parando de abraça-la.

- Só isso? - disse ela, colocando o braço em cima de mim.

- Lá vem você de novo... quer me deixar animada para continuarmos? - perguntei com incredulidade.

- Mas é claro, agora fique quieta um pouco - disse ela, começando a esquentar. E o ritual se repetiu, meu corpo formigou, não pude me mexer e alguns minutos depois ela parou e voltei ao normal. E o cansaço desapareceu como se nunca estivesse presente.

- Pronto Alice... agora se quiser, você pode me tocar de novo, de todas as formas e o dia inteiro... você ainda deseja meu corpo, não é verdade? - sussurrou ela de forma manhosa.

Eu odeio admitir, mas a voz dela, apenas a voz, fazia meu coração acelerar, as pernas tremerem e o pior de tudo, me deixava extremamente excitada. Mas neste exato instante, me segurei com todas as minhas forças e falei o que queria falar já há alguns dias.

- Sim... eu desejo muito seu corpo... mas... eu... eu...

- O que foi Alice? Seu corpo me diz que você deseja o meu... ou vai negar e precisarei comprovar isso? - disse ela com um sorriso malicioso enquanto aproxinava sua mão.

- Tá, tem razão... mas espere um minuto, por favor - pedi, afastando a mão dela. Se fosse tocada por um segundo, eu não conseguiria falar e nem pensar em mais nada - Eu preciso perguntar uma coisa, por favor... e depois, eu serei toda sua, o dia todo... por favor.

- Tudo bem Alice. O que você deseja saber? - perguntou ela, um pouco antes de começar a dar mordidinhas no dedo indicador que eu tinha acabado de afastar do meu corpo. Claro que esta cena quase me fez desistir de falar qualquer coisa... eu só pensava em beijos, amassos e no calor dela o tempo todo, mas agora teria que resistir, por mais difícil que fosse.

- Quando você apareceu aqui, disse que se eu quisesse, me contaria a verdade sobre o seu povo, sobre quem você é de verdade... e eu preciso saber... eu... eu confesso meus sentimentos por você... eu nunca senti nada igual... eu preciso saber quem ou o que é você, por favor.

Brigit olhou para mim com um sorriso... diferente... e após alguns segundos, comentou:

- Claro Alice, você tem todo o direito de saber, vou te contar tudo... mas depois, quero morder muitas coisas, não apenas meu dedo.

- S-sim... - respondi, me segurando mais do que nunca... ela era irresistível, sua voz, seu corpo... mas eu precisava saber quem era esta mulher, não, esta coisa pela qual estava loucamente apaixonada.

- A história é muito longa, mas vou tentar resumir ao máximo... tudo começou...

Sim, finalmente eu saberia de tudo e poderia viver plenamente esta loucura que se apossou do meu coração... ou não.