domingo, 9 de agosto de 2020

Minha Gatinha Lucy - Parte IV - Território

Refleti por vários dias para conseguir escrever esta parte, por dois motivos... primeiro, relembrar em detalhes a parte "inocente" do meu relacionamento com a gatinha me deixou um pouco triste... era tão bom, aquela sensação nova e desconhecida de um carinho sem compromisso... e segundo, imaginar que tudo isso mudou de um dia para o outro, novamente por uma ação minha... mas o que eu poderia esperar? Como não prever o que ia acontecer após o mal entendido do meu convite?

Enfim, por muitos e muitos dias, talvez duas ou três semanas, eu continuava realizando o nosso ritual de tomar banho, comer, fazer carinho e ir dormir... eu não saía mais com nenhum amigo, não tinha qualquer interesse romântico, não passeava nos finais de semana... todo momento que eu tinha livre, tentava ficar perto da gatinha, que não reclamava ou exigia nada em troca... e hoje, percebo que esta aura de mistério em torno dela e de nossa relação era a parte mais gostosa de todas... eu já a conhecia há quase dois meses e não tinha tido a coragem de perguntar seu nome, e foi exatamente este item, juntamente com minha grande boca, que causou uma grande mudança no nosso relacionamento... lembro até hoje daquela sexta-feira, quando minha amiga fechou a porta de minha sala e falou muito sério comigo.

'Desembucha Cris! Quem é a pessoa que está na sua casa?', na realidade eu me assustei com esta pergunta, mas disfarcei a princípio 'Como assim?', 'Não se faça de sonsa e não vem com essa de que é uma gata... você mudou muito neste último mês, está na cara que você tem uma nova paixão e que não me contou... e ainda fica usando este artifício de fingir que está falando ou pensando em uma gata. Já deu, né?', disse jogando na minha cara o que eu já devia ter admito faz tempo. 'Mas... é uma gatinha, eu não menti... tá bom, é uma menina novinha, mas eu chamo ela de gatinha', respondi com alívio, podendo finalmente falar sobre isso com alguém.

'Eu sabia! Eu sabia! Pelo menos ainda te conheço bem, mas agora você terá que me contar em detalhes tudo sobre essa sua gatinha', disse enquanto se sentava na cadeira em frente a minha mesa, 'Mas eu já te contei que ela janta e dorme na minha casa e sai toda manhã... isso é verdade', respondi com naturalidade, para ouvir em seguida: 'Sim, mas quero detalhes amiga, quem é, como você conheceu, o que ela faz da vida, onde mora, tudo que for interessante' foi a resposta, animada. Eu lembro que hesitei muito antes de confessar a verdade: 'Eu... não sei nada sobre ela... nem mesmo o nome', para ouvir quase um grito de volta: 'O QUE????'.

Acho que meu lado racional precisava desabafar, pois na sequência eu contei tudo, tudo mesmo, de como a derrubei, como a levei pra casa, como a estava alimentando e protegendo, como dormia abraçada a noite, como nunca tínhamos trocado nem um beijo... e como não sabia absolutamente nada a respeito dela, nem mesmo o seu nome... deveria ter imaginado que ia ouvir exatamente o que ouvi ao terminar a narração:

'Cris, você está louca! Sério, qual é o seu problema?', 'Eu estou bem e feliz, isso não vale nada?' argumentei, sabendo que no fundo, ela tinha razão. 'Claro que vale, mas por que não pode saber mais sobre ela? Como você pode confiar em alguém que tem a chave do seu apartamento e dorme na sua casa e que nunca está com a carteira ou os documentos? E que não se apresenta? Não diz se trabalha ou estuda. Você enlouqueceu?' disse em um tom realmente preocupada, 'Não, eu estou feliz e só isso importa... eu vou continuar cuidando da gatinha... se você não entende isso, não posso fazer nada' foi minha resposta que hoje vejo, foi extremamente grosseira, já que ela estava simplesmente preocupada.

'Cris, tudo bem... vamos dizer que essa menina gosta de você e te faz bem... tudo bem, tem meu apoio, mas por favor, tente descobrir quem ela é, o que faz na vida, onde mora, com quem mora... e se ela for realmente uma pessoa legal, por que esconderia alguma coisa?' disse ainda preocupada, 'Tá bom, vou perguntar hoje mesmo estes detalhes' foi minha resposta racional, 'Ainda bem, Cris! Você realmente me assustou com esta!' foi a resposta com um suspiro. 'Obrigada pela preocupação, mas pode ficar tranquila... minha gatinha é uma pessoa única, que nunca me faria mal' respondi com um sorriso, 'Que bom, pois se ela quisesse te fazer mal, já teria feito...' foi o comentário inconformado que encerrou o assunto.

Naquele dia, voltei para casa pensando nas palavras da minha amiga e realmente estava decidida a questionar a gatinha sobre seu nome, o que ela fazia da vida, se ela queria continuar indo na minha casa e outras coisinhas... mas o resultado final foi bem diferente do que eu esperava...

Após chegar, não mudei em nada nossa rotina, tomei banho, jantamos, conversamos e fomos para a "Hora do carinho", o momento em que ela não poderia fugir das minhas perguntas incisivas. Eu havia ensaiado tantas vezes como ia falar, que até hoje não acredito no que aconteceu... pelo menos consigo relembrar em detalhes mais uma besteira, só mais uma, de tantas que fiz em relação a tudo isso.

Ela estava com o rosto no meu colo, me abraçando e recebendo seu carinho de sempre, quando tomei coragem e disse 'Gatinha, preciso te perguntar algo importante... mas por favor, não me entenda mal, tudo bem?', e com esta frase, ela levantou a cabeça e a deitou bem em cima dos meus seios, e com um lindo sorriso, respondeu 'O que a Doutora quer saber?', as perguntas estavam prontinhas desde o metrô, eu questionaria se ela queria continuar dormindo na minha casa, qual era o nome dela, onde ela morava e outras coisas... mas aquela droga de sorriso me fez hesitar, me enrolar e falar mais devagar do que deveria:

'Eu preciso saber se você... quer... se você quer dormir... se quiser é claro... se você quer... dormir...' tentava falar, quando ela me cortou quase gritando: 'Quero! Quero muito! Tinha vergonha de pedir, mas quero! Posso mesmo?', eu achei curioso tanta alegria para minha pergunta se ela queria continuar dormindo na minha casa, por isso respondi naturalmente: 'Claro que pode... pelo tempo que você quiser'. E após essa frase, ela se levantou e saiu correndo da sala, me chamando: 'Então vamos! Vamos fazer a hora do carinho lá! Vamos, Doutora!'

Eu demorei alguns segundos para compreender esta reação, mas quando a vi entrar correndo no meu quarto, tudo ficou claro. Ela entendeu que a minha pergunta era se queria dormir na minha cama, e quando pediu a confirmação, acabou ouvindo um "sim, pelo tempo que quisesse". Então, sem querer, a gatinha tinha recebido acesso ao último território da casa que era exclusivo meu... ela entrou e se alojou na minha cama, e agora era necessário explicar que não era bem isso e que ela deveria voltar ao sofá... mas como fazer isso sem a magoar?

Caminhei de forma melancólica até o quarto e entrei, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, ela disse, já deitada e embaixo da minha coberta: 'Deita Doutora, agora é hora da minha pergunta importante'. Não entendi bem, mas achei interessante a ideia, pois podíamos alternar as perguntas e assim, descobrirmos mais uma da outra. E foi com este pensamento, que me deitei apenas para ser agarrada no segundo seguinte.

'Calma, gatinha!' disse, sem conseguir me soltar, já que ela me abraçava com os braços e pernas, apertando seu corpo contra o meu com bastante força. 'Estou tão feliz, queria tanto vir pra sua cama! Não queria mais dormir sozinha, queria dormir abraçada com você!' disse ela, me soltando em seguida, 'Que lindinha, mas o que queria me perguntar?' questionei com um sorriso, que em seguida virou uma expressão de susto. Aquela menina "indefesa" me virou rapidamente de barriga para cima e deu um pulo, sentando-se bem no meu colo... em seguida deitou por cima de mim e quase colou a boca na minha orelha esquerda.

'Doutora, você quer ser minha dona?' disse, sussurrando direto no meu ouvido. O calor e o peso dela em cima do meu corpo, associado aquela voz delicada e gostosa, me deixaram estática, mas consegui responder: 'Como assim?', 'Eu quero saber, se a doutora quer que eu seja a gatinha dela... só dela... se a doutora quer ser minha dona' insistiu ela, com aquele sussurro. ' O que... acontece... se eu quiser?' respondi, quase gaguejando. 'Quero brincar com a minha dona... cheirar, lamber, tocar, beijar ela a noite toda... o dia todo... a gatinha quer brincar com a dona dela... será que a dona deixa?' continuou falando, me deixando mais mole e sem reação a cada palavra.

Nesta hora, mesmo com meu racional quase desaparecendo, a voz do maldito insistia em me lembrar de tudo que minha amiga havia falado, então... eu tinha que saber algo sobre ela, para essa maldita voz interior me deixar em paz... 'Meu nome é... Cristina.. não sei... o seu...' sussurrei sabendo que se ela não respondesse, não haveria força para questionar de novo. 'Luciana... Lucy para a minha dona' respondeu, aparentemente bem empolgada, já que ela começou a lamber minha orelha, descendo a língua rapidamente até o pescoço e subindo de volta para me olhar dentro dos olhos.

'Quer ser minha dona, Doutora?' perguntou bem baixinho, dando uma lambidinha de leve nos meus lábios. 'Quero... Lucy...' foi a última coisa que me lembro de falar, um instante antes dela colar seus lábios nos meus, com um fogo ardente e um apetite incontrolável.

E foi assim que aquele dia terminou... eu sabia o nome dela e isso me satisfez completamente, tanto que não perguntei mais nada... sobre ser sua dona, achei bonitinho e imaginei que era esta a posição na qual ela me via... E quanto as "brincadeiras" que ela havia citado... naquela noite, tive o sexo mais intenso e incrível que já havia tido na vida... ela realmente tocou, beijou, cheirou e lambeu cada centímetro do meu corpo... foi alucinante, sem chance de conseguir explicar... e só parou quando o dia amanheceu...

Por último, aquele sábado foi a primeira vez após quase dois meses, que quando acordei, quase uma da tarde, ela ainda estava no apartamento... aparentemente ao conquistar o ultimo território que lhe faltava, a minha (agora era oficial) gatinha não precisou sair de manhã, pois finalmente se sentiu em casa.


2 comentários:

  1. Ela parece ser real, chuto que a gatinha é alguém tentando fugir da vida real e por não ser questionada gosta da doutora, de ficar com ela

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    1. Muito bom...
      Explicação completa e motivações na Parte VII...

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