quarta-feira, 28 de abril de 2021

Brasinha, Urtigão e Mickey


Olá

Brasinha 61, de Sapo do Brejo; Urtigão 53 e Mickey 653, dos Esquilos, são as novidades da semana em AGibiteca.

E ainda: Almanaque Disney 247, BD Expresso 117, Tio Patinhas 167 e 187, Garfield perde os Pés, Almanaque do Mickey 10, Moranguinho e sua Turma 10, As Aventuras dos Trapalhões 49, Disney Big 38, Pato Donald Especial (1963), Zé Colméia 04 e A Turma do Zero Extra 07.

Finalizando o post, e  para recordar o fatídico e taciturno 1ª de maio de 1994, Ayrton Senna: A Trajetória de um Mito.
 
Paz e bem.

domingo, 25 de abril de 2021

Após o Horizonte Capítulo VI - Deusa


Após o Horizonte
Capítulo  VI - Deusa


Pronto, não faltava mais nada... além de tudo, agora estou delirando, de tanto querer ouvir a voz da Brigit, pensei ter ouvido ela aqui dentro do meu quar...

- Olá, criança.

Prendi a respiração e travei, pois um delírio auditivo até podia ser, mas dois... com o coração acelerando, virei a cabeça bem devagar para a esquerda da cama, origem do som e a vi, de pé, com a mesma roupa, bem do meu lado... no tempo de uma piscada, enquanto enchia o pulmão de ar para gritar o mais alto possível diante daquela aparição, ela já estava sentada na cama, tampando minha boca.

- Não grite, por favor, não vou te ferir, confie em mim - disse com aquela voz que tanto sonhei em ouvir e na minha boca, estava aquela mão tão macia e quente da qual me lembrava tão bem. Ainda estava assustada e com os olhos arregalados, mas não haviam dúvidas, era a Brigit, a garota que preencheu meus pensamentos nos últimos dez dias.

- Você entendeu? Não grite - pediu novamente. Concordei com a cabeça, o que a fez me soltar imediatamente.

- É você... mesma? - perguntei, pegando em sua mão e alisando-a no rosto.

- Sim.

Não resisti e me joguei pra frente, abraçando-a com força, apesar de que este movimento fez meu corpo todo doer.

- Por que me deixou lá? O que houve comigo? Por que... eu não paro de pensar em você? Como você chegou aqui? - perguntei rapidamente enquanto tentava não chorar.

- Calma criança, vou te explicar tudo... por isso voltei, calma - foi a resposta, retribuindo meu abraço. Mas não me preocupava mais, só o fato de abraça-la, de poder sentir aquele calor novamente já me deixou tão bem, que nada mais importava. E foi assim que ficamos por uns dez minutos, até que meu coração se acalmou.

- Como me achou? - questionei ainda abraçada.

- Eu te disse que toda a troca de energia que tivemos em seu processo de cura, havia nos vinculado. Isso me permite te encontrar em qualquer lugar.

- Vai começar a falar um monte de coisas sem sentido de novo? - perguntei nervosa.

- Não, creio que é melhor demonstrar. Eu sinto... você, seu corpo todo está sofrendo com dor,  vamos resolver isso - foi a resposta, me abraçando mais forte ao mesmo tempo em que ficava mais quente. Não sabia o que estava acontecendo, mas senti aquele mesmo formigamento da praia e não conseguia mais me mexer. Brigit me deitou delicadamente e ficou ao meu lado, com o braço em cima de meu corpo.

- O que está fazendo?

- Quieta! - foi a resposta, que não consegui mais retrucar. E após alguns minutos, Brigit se levantou e sentou-se na cama... e sem entender por qual motivo, também me levantei apenas para notar realmente assustada, que toda a dor havia desaparecido, e em seguida uma lembrança suprimida e ilógica retornou com força total.

- Eu... eu... eu... ti-tinha ra-razão – gaguejei - Eu... me machuquei nas pedras, me arrebentei... mas você me tirou do mar... e me curou... igual agora... eu... tinha razão - falava sem acreditar.

- Sim, você quebrou muitas coisas, o punho, costelas, ombro, dentes e também cortou as pernas, cabeça, costas... foi bem desgastante e demorado curar você.

E minha mente estava alternando entre a incredulidade e a evidência do que tinha acabado de acontecer. Isso foi extremamente assustador, mas o que eu não imaginava era que ainda iria piorar, mas piorar MUITO.

- Falta uma lembrança - disse ela, tocando levemente em minha testa com o dedo indicador, antes que eu pudesse sequer reagir.

E a última lembrança emergiu de uma vez. Lembrei do nosso beijo... lembrei da agonia e desespero de ficar sem ar, lembrei da sensação louca e sufocante. E o mais terrível de tudo, lembrei da satisfação em seus olhos no mesmo instante em que eu morria em seus braços.

Isso foi demais pra minha cabeça... juntar a certeza que esta mulher, não, esta coisa havia me tirado do mar e me curado, apenas para me matar em seguida, fez o pânico tomar conta de meu ser.

- QUEM, NÃO, O QUE É VO-VOCÊ? - perguntei, gritando e saltando da cama, dando em seguida vários passos pra trás.

- Sente-se, não te farei mal, só vim te explicar tudo... por favor, confie em mim.

- Co-confiar? Não acha meio difícil? Agora eu lembro de tudo... você me salvou mas depois tentou me matar... aí acordei na praia sem conseguir me mexer porque você me abandonou lá... e apareceu aqui... e me curou de novo... isso é loucura... não faz sentido... quem é você? O QUE É VOCÊ!? RESPONDA!

- Por favor, não pense que tentei te matar. Eu a avisei que poderia perder o controle e mesmo assim você continuou me provocando. E apenas trocamos energia, muita energia, o que fatalmente sobrecarregou seu corpo. Mas felizmente consegui parar a tempo e me afastar antes que fosse tarde demais, pois eu nunca quis lhe fazer mal.

- Tá... pode ser... m-m-mas... você não respondeu. Q-quem é você? - perguntei, agora tremendo. No meu íntimo, estava rezando para tudo isso ser apenas um sonho, daqueles bem loucos.

- Quem sou realmente, nunca foi relevante aos povos de todos os locais onde já vivi... mas tive inúmeros nomes, dependendo da época.

- Inúmeros n-nomes!? Co-como assim?

- Brigit é apenas um deles, que é como fui chamada na Irlanda, onde os Celtas me veneravam como Brigit da Tríplice Chama... mas no Egito, fui adorada como Isis, a primogênita... entre os Mesopotâmicos, Ishtar, a de muitas amantes, era meu nome... na Grécia, recebi a alcunha de Afrodite, a mais bela de todas... os Vikings me conheciam como Freyja, a mãe dos Vanires... Parvati foi meu nome na Índia, Al-Uzza entre os povos Árabes, no Japão, a que trazia luz... Amaterasu, na China, a suprema Xi Wangmu...

- Vo-você... você... está me dizendo... que é... uma... não, várias... deusas? - a interrompi, tentando continuar me afastando e muito, muito mais assustada agora.

- Não criança, estou apenas dizendo meus nomes... como fui vista e considerada, foi resultado de superstições tolas e intelectos limitados que não podiam conceber outras formas de vida inteligentes e sencientes que não a humana.

- Vo-você... é louca... você... é totalmente louca! - balbuciei, sentindo o medo me dominar. - Sai... SAI DAQUI! ME DEIXA EM PAZ! VAI EMBORA! - gritei, mas sem conseguir mais sair do lugar.

- Calma, criança - disse ela, se levantando da cama que agora estava o mais longe que o quarto permitia.

- NÃO! SAI DAQUI! - gritei, para no segundo seguinte, vê-la parada bem na minha frente, olhando dentro dos meus olhos.

- Se a quisesse morta, você já não estaria respirando. Acalme-se, pois quero te compensar lhe dando um presente, em instantes sua mente visualizará maravilhas que ninguém vê há milhares de anos.

- N-não... por favor, vai embora... me deixa em paz! - implorei, balbuciando. E ela não respondeu, simplesmente colocou as duas mãos na minha cabeça.

- Feche os olhos - foi o que ouvi, e não consegui deixar de obedecer.

- Agora, veja o que eu vi, esvazie sua mente de qualquer dúvida, medo ou superstição, eleve sua consciência - falou ela, enquanto eu não conseguia me mexer, resistir ou falar - Veja o que eu vi... torne-se Eu... veja o que eu vi... torne-se Eu.

E em seguida pude ver... e o que vi era... inacreditável... era como um filme, não, dezenas de filmes, milhares de imagens simultâneas dentro da minha cabeça. Não era possível discernir ou entender nada... era agoniante, mas a voz dela continuava lá...

- Eleve sua consciência. Concentre-se. Olhe para uma imagem de cada vez... torne-se Eu.

E as imagens foram se organizando, entrando em ordem, virando um filme só, um grande longa metragem... onde além das imagens, eu podia, não sei como, entender as palavras e os contextos...

Eu era ela... e estava no templo de Amon-rá sendo venerada, ouvindo o Faraó, o homem mais poderoso da época, me chamando de onipotente... beijando meus pés... eu o desprezava pela forma que tratava seu povo e meus iguais concordavam... e eles eram chamados de Osíris, Anubis, Hórus, Mut, Seth, Thoth... estou vendo as pirâmides sendo construídas, a esfinge, o ritual de mumificação... os hieróglifos sendo criados... até que meu igual, o chamado Anubis... ele... então acabou...

Um flash e eu era ela... no templo de Ártemis sendo venerada como a bela Afrodite, assistindo inúmeras orgias que duravam dias, com centenas de pessoas... tudo para me agradar... e eu sentia cada toque, cada sensação... eu apreciava os Gregos, inteligentes, racionais e ao mesmo tempo, hedonistas... meus iguais aprovavam... eles eram chamados de Zeus, Hera, Apolo, Hades, Hermes, Baco, Poseidon... tudo ia bem até que meu igual... o que recebeu o nome de Ares... ele... então acabou...

Um flash e eu era ela... sentada em um trono de carvalho ao lado de um igual... e os orgulhosos e fortes Vikings ajoelhados, nos venerando, como Odin e Freyja, o pai de todos e a mãe dos Vanires... pedindo conselhos, exibindo espólios de invasões e guerras... sempre os achei selvagens, incultos, mas ao mesmo tempo, orgulhosos... sensações desconhecidas e contraditórias... estava tudo bem até que meu igual, o nomeado de Loki... ele... e acabou...

Eu era ela... na Babilônia, Assíria, Pérsia, Roma, Irlanda, Escócia, Bretanha, Japão, China e muitos outros locais... sendo venerada por dezenas e dezenas de povos, Fenícios, Sumérios, Anglos, Saxões, Mongóis... cada povo, em cada época um nome... mas sempre fui Eu, a mãe, a fertilidade, o amor,  a colheita, o prazer... eu sempre prezei a vida e todas as suas nuances... sim, a vida.

E tudo ficava mais confuso a cada segundo... era muita informação, muita coisa para assimilar... já estava me esquecendo da maioria... mas novas imagens chegavam... os primeiros jogos no templo de Olimpia em sua homenagem, rituais em Stonehenge pedindo por uma boa colheita... as maravilhas que ela e seus iguais induziram os humanos a construir... o Colosso de Rhodes, a Grande Muralha, os Jardins Suspensos, o Farol de Alexandria... tantas coisas novas e maravilhosas... mas só foi bom por um tempo.

Sempre terminava mal... os humanos eram obcecados... tantas guerras, sacrifícios, mortes, traições... eu era ela... incomodada, inconformada... não devemos interferir, o quanto os ajudamos, os destruímos, eles nos querem, nos desejam... e alguns dos meus iguais passaram a gostar do sabor e sensação da agressividade, da guerra, da morte e do sofrimento... algo tinha que ser feito... mais informação, mais, mais... e terminou.

Não imagino quanto tempo passou, mas quando abri os olhos, estava deitada confortavelmente na cama e Brigit estava sorrindo e deitada ao meu lado, alisando minha cabeça com carinho.

- O que houve? - perguntei um pouco tonta.

- Creio que te mostrei demais mas você se esquecerá de quase tudo em breve - foi a resposta, ainda me alisando.

- Você... todas elas eram você... deusas antigas... você esteve em cada panteão, em cada era... você... presenciou tudo... por milhares de anos - falei, começando a alisar seu rosto.

- Sim, desde o começo de sua história eu assisti a ascensão e queda das civilizações de seu povo, mas não sou uma deusa... se ainda quiser saber, contarei quem sou de verdade.

- Sim, quero saber de tudo, mas não agora... agora preciso do seu toque e calor... por favor... eu não parei de pensar em você todo este tempo - respondi me aproximando mais.

- Nestes dias em que estive afastada, utilizei este tempo para me equilibrar e graças a isso, agora não há mais risco, agora sei o quanto de energia e sensação podemos trocar... será totalmente seguro, mas ainda assim, muito mais intenso do que com qualquer ser humano. Mas seja paciente, pois não me recordo de quando deitei com alguém do seu povo pela última vez - disse ela, me olhando nos olhos.

- Brigit, Afrodite, Isis... seja você quem for, eu quero você... seu corpo... eu preciso do seu corpo - conclui, a abraçando e começando a lhe beijar.

E ela retribuiu, seu corpo quente e macio estava ao meu lado, cada vez mais quente... e senti novamente aquele toque único e maravilhoso. E o curioso era que não estava mais assustada ou com medo, sentir o corpo dela me aquecendo. Aparentemente havia me feito esquecer a loucura disso tudo... mesmo ao despir e tocar aquele corpo macio, único de todas as formas, não lembrava nem por um segundo que eu... eu estava na cama ao lado de uma... deusa.


sexta-feira, 23 de abril de 2021

Lançamentos da Semana... Mais um MMMM inédito...

 Prezados,

Com a ajuda do sempre amigo Paulo Marques, mais uma edição da Fantástica Mickey Mouse Mystery Magazine... Vamos a ela:

Mickey Mouse Mystery Magazine - 09 - Run Run Run



A maratona de Anderville, o maior evento esportivo da cidade está para acontecer. Mas para Mickey, isso significa seguir as ordens de um maníaco que colocou diversas bombas em todo o percurso, e que lhe liga e dá uma pequena dica minutos antes de cada explosão.



Mais lançamentos para todos os gostos...




A nova pasta Martin Mystere e novas edições do Tex



E uma nova coleção iniciando na área restrita.

Aproveitem.



segunda-feira, 19 de abril de 2021

Após o Horizonte Capítulo V - Fadiga (E chegamos na metade)


Prezados,

E com este capítulo 05 chegamos exatamente na metade da história da Auditora que só trabalha e da mulher misteriosa encontrada na praia. 

Anteriormente, vimos que Alice tem uma experiência muito estranha por se lembrar de ter se machucado e ao acordar, não estar sentindo nada. E também vimos que um simples beijo se encaminhou para uma tragédia sem explicação.

A partir de segunda que vem, todas as respostas virão... Quem é e quem foi Brigit, o relacionamento que nascerá dessa revelação, a verdadeira origem da ruiva, uma mudança brusca de status e uma decisão que talvez mude a vida de ambas.

Não perca a partir da semana que vem, o "Capítulo VI - Deusa" e os seguintes até sua conclusão no "Capítulo X".

Espero que estejam curtindo a minha primeira tentativa de caminhar  pela Literatura Fantástica, eu sinceramente estou. Acho muito legal todas as "teorias" que recebo sobre os acontecimentos... Cada leitor imagina um cenário diferente que poderia encaminhar a história para algo novo... Acho muito legal incitar a criatividade das pessoas.

Abs

Daniel





Após o Horizonte
Capítulo  V - Fadiga


- Aqui! Aqui! Ela está aqui! Achei!

- Graças a Deus!

- Moça, moça... acorde! Por favor! Moça? Ela não responde.

- Mas será que está bem?

- Parece que está viva... com a mesma roupa de ontem e não está ferida.

- O que a gente faz?

- Chamamos a polícia? Uma ambulância?

- Peraí, ela está mexendo os olhos, está acordando!

- Moça?

Ouvi cada frase que eles falaram... a princípio, parecia longe, mas dava para ouvir perfeitamente... eram três vozes, duas conhecidas... o taxista e o rapaz do restaurante... e uma terceira desconhecida, a que disse ter me achado... e mesmo distantes, ouvir estas vozes me fizeram começar a voltar, só não sabia de onde...

- On... de... es... tou? - balbuciei sem conseguir manter os olhos abertos. Ao notar isso, alguém abriu um guarda-sol e protegeu meu rosto, dizendo:

- Pronto, moça! Pode abrir os olhos.

- Obrigada... o que houve? - perguntei, para ouvir o taxista:

- Você que precisa explicar, garota... voltei ontem as 18:00 hs e te esperei até as 20:00 hs, quando achei que você tinha ido embora de outra forma. Aí hoje de manhã fui perguntar no hotel se iria passear de novo e falaram que você não havia voltado. Fiquei preocupado e vim aqui, falei com o rapaz que te serviu o almoço, que se lembrava que você foi embora logo após comer.

- Sim... e depois... vim andando - respondi, sem lembrar direito de nada.

- Então, o rapaz do restaurante não sabia, mas este outro aqui viu você vindo pra cá... ele me ouviu perguntando e se ofereceu para vir te procurar, junto conosco. O que houve?

- Não... sei - foi minha resposta, enquanto tentava me lembrar - Espere... eu... conheci uma amiga... e vim passear... com ela - Esta foi minha primeira lembrança - Conheci ela... em um banco de concreto há uns... vinte minutos... do restaurante... e vim com ela até aqui... cadê ela? O nome dela... é Brigit... pele clara, ruiva...

Podia ver os três se entreolhando nervosamente, mas não responderam.

- Cadê... minha amiga? - insisti.

Nisso, o rapaz que havia me encontrado, claramente alguém que morava na região, se ajoelhou ao meu lado e disse de forma pausada e um pouco assustada:

- Moça, eu te vi duas vezes ontem e nas duas... você estava sozinha.

- Claro... você me viu... antes de eu conhecer ela - respondi.

- Olha, eu vinha nessa direção e passei por este banco que você disse... eu não esqueci seu rosto pois achei seu comportamento muito estranho... você estava sentada e olhando fixamente para o lado e parecia... que falava sozinha - disse ainda assustado. Achei estranho, pois não fiquei no banco nem um segundo sem a Brigit, mas ele podia não ter reparado nela.

- E qual foi... a segunda vez?

- Quando voltava, cruzei com você, que vinha pra cá... passei do seu lado e seu olhar estava estranho... mas posso jurar que você estava... sozinha - disse ele, se levantando em seguida.

Será que este sujeito era tão desligado que não havia notado uma ruiva branquela bem na minha frente? Não havia outra explicação, mas não queria discutir, então só restava concordar.

- Tá bom, acho que estou confusa... eu estava sozinha, mas agora preciso... voltar para o hotel - falei, aguardando ajuda para se levantar. E somente quando o taxista estendeu o braço para me ajudar que tentei me mexer, apenas para dar um grito bem alto.

- O que foi moça? - perguntou ele assustado.

- Dói demais... ao tentar mexer o braço... uma pontada fortíssima.

E não era só o braço, qualquer movimento, de qualquer parte do meu corpo, só tinha como resultado, uma dor violentíssima. E por mais que tentassem me ajudar, eu não consegui ficar de pé... na realidade, nem sentar... parecia o primeiro dia de academia, onde dói o corpo todo... exponenciado umas cinquenta vezes.

Que maravilha... quarto dia de férias... e estava estatelada na areia, sem conseguir me mexer... aguardando uma ambulância que me levaria para Recife. Mas ainda pensava na Brigit... por que ela tinha ido embora? Minha última lembrança sobre a noite passada era o momento em que comecei a beijá-la... e este cara ainda vem falar que eu estava sozinha, que sem noção!

E após várias horas, chegou um grupo de paramédicos, que me amarraram em uma maca, protegeram o pescoço e me carregaram para a ambulância... e após outras horas, dava entrada no hospital do Recife que meu convênio cobria.

O mais legal foi que após realizar uma bateria de exames, virei "atração turística" daqueles médicos... nenhum deles sabia o que eu tinha ou por que sentia tanta dor ao me mexer. Não havia qualquer fratura, os reflexos estavam em ordem, sinais vitais normais, exame de sangue perfeito... até uma tomografia foi feita e nada. Mas meu corpo todo continuava doendo pra cacete ao menor movimento...

Até que no terceiro dia internada sem qualquer mudança, um ortopedista que trabalhava com atletas teve a ideia de pedir um exame de sangue que mediria uma coisa chamada "Lactato", que confirmou o que ele havia deduzido.

- Senhorita Alice, seu nível de lactato está muito alto. Você está sofrendo de hiperlactetemia, uma condição associada a atletas de esportes extremos, mas sinceramente, não imagino que seja seu caso - disse, com o resultado nas mãos.

- O que significa isso? - perguntei assustada.

- Você está com fadiga muscular extrema, na verdade, no corpo todo e de uma forma que nunca vi... e... não acho que a senhorita correu uma maratona estes dias, não é?

- Não... - respondi sem entender.

- Vamos tratá-la, depois descobrimos a causa. Creio que você ficará boa em alguns dias - disse com um sorriso.

- Obrigada.

Bom, ele estava certo e no dia seguinte comecei a mexer os dedos... e mais três dias para mexer os braços e pernas com uma "dor tolerável". Ainda doía, mas estava diminuindo pouco a pouco.

E a cada dia que passava, lembrava mais um pouco de tudo que conversei com a Brigit... ela falava que eu corria perigo caso perdesse o controle... mas também lembrava do calor inexplicável de seu corpo... e do seu toque macio e sedoso... e que tinha me machucado nas pedras, mas não havia dor... e que ela me abraçava... e que a beijei... e que o cara disse que não viu ninguém... e que ela foi embora, me deixando sozinha e caída na areia... e eu a beijei... eu não estou louca, eu senti os lábios dela... não foi um sonho...

Resumindo tudo, voltei para o hotel no 13° dia das férias... ainda tinha uma semana de "descanso", mas havia uma série de restrições físicas, vários remédios para tomar, vários exames para fazer quando voltasse para casa... no fim, fiquei internada com uma baita dor no corpo todo, quase dez dias... isso sim que eram férias...

O ortopedista que descobriu o problema me visitava todo dia, sempre com perguntas diferentes, até que perdi a paciência e ele confessou. A princípio era impossível o meu nível de lactato ter subido tanto por simples atividade física, considerando que sou sedentária... eu teria desmaiado muito antes, então ele cogitava alguma síndrome rara e desconhecida  (por isso o interesse).

Na verdade o espertinho queria a fama da descoberta e só me deixou em paz, quando peguei seu telefone e e-mail e prometi avisa-lo caso descobrisse algo.

Mas mesmo após todo o tratamento, ainda sentia dor ao caminhar, câimbras e tinha muita dificuldade para levantar da cama... minha nuca também doía bastante, mal conseguia virar a cabeça... mas no fim, o que mais doía era a impossibilidade de visitar alguma praia ou passear e sinceramente... eu queria voltar para Maracuípe... precisava ver a Brigit novamente para tentar entender tudo que aconteceu, principalmente o motivo dela ter me abandonado... estava fechada no quarto, enlouquecendo com meus pensamentos... não queria nem saber do trabalho ou do inevitável retorno para casa... cheguei a chorar por um tempo, sentindo-me completamente impotente.

Já haviam se passado algumas horas desde a minha chegada e na recepção, expliquei e pedi para me servirem as refeições no quarto, o que fizeram com muita boa vontade... meu jantar chegara há alguns minutos, mas comi pouco... continuava pensando naquela esquisita, maluca e linda ruivinha... só podia ser um  castigo por já ter desprezado tanta gente... droga... ela me desprezou, ignorou, foi grossa... era arrogante... droga... mas me salvou quando caí no mar e era tão... quente... tão linda... eu lembro do toque dos seus lábios... droga, droga, droga!

Acabei por me sentar na cama, apoiando as costas na cabeceira... nesta posição, chorei por mais um tempo, até que as lágrimas secaram... mas o que podia fazer? Não conseguia parar de querer tocar nela, sentir seu calor... foi só um beijo... mas precisava de mais, muito mais... eu daria tudo para ouvir a voz dela... queria tanto ouvir aquela vo...

- Olá, criança.

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Pato Donald Especial

Olá!

Destaque da semana para:
  • Brasinha (Vecchi) e Recruta Zero (RGE e Globo), as primeiras colaborações de Sapo do Brejo;
  • As Melhores Piadas com as As Crianças; e Pato Donald Especial 01, dos Esquilos.
E ainda: Almanaque do Zé Carioca 21, Disney Super Especial 18, Frajola e Piu-Piu 06, Mickey 473, Mister Magoo 04, Lelo 06, Patota 26, Tio Patinhas 579, Disney Big 33, Donald Através dos Séculos 03, Almanaque Disney 250, Disney Especial Reedição 21, Graphic Novels Marvel Clássicos 21, Garfield em Peso, O Pica-Pau 83 e Almanaque do Pererê 01.
Boa diversão

A Gibiteca




sexta-feira, 9 de abril de 2021

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Após o Horizonte Capítulo IV - Calor

Anteriormente...

Alice está de férias em Porto de Galinhas, mas tudo mudou quando durante um passeio na praia, ela conhece uma garota estranha que fala coisas bem esquisitas...
Sem nem saber o porquê, ela a acompanha para o alto de algumas pedras no extremo da praia, mas por um descuido, bateu o rosto com força ao escalar, rolou e caiu no mar... Afundando e desmaiando de dor, Alice ainda pensou em como era triste morrer sozinha e longe de seus pais...




Após o Horizonte
Capítulo  IV - Calor

Escuro... tudo escuro... não sentia nenhuma dor... estava tudo em silêncio... mas... havia um calor que me envolvia... um calor gostoso... uma sensação quente e agradável... sem dor... apenas um toque macio, delicado e quente... que delícia... eu queria ficar aqui para sempre... sentindo este aconchego... estou protegida... sem dor... nada importava, só aquele calor... mas de repente, ouvi uma voz:

- Acorde!

Mas eu não estava dormindo... só estava... feliz...

- Acorde! - insistiu a voz - Acorde, acorde!

Mas por quê?

- Acorde!

Mas...

- Acorde!

Nã...

- O que? O que houve? - abri os olhos de repente, sem me lembrar onde estava ou porque estava lá... e ao olhar para o lado, o rosto branco com cabelos vermelhos e olhos acinzentados me trouxeram de volta a realidade.

- Você... Brigit... o que houve? - balbuciei, enquanto sentia um formigamento muito estranho no corpo inteiro... não conseguia me mexer... estava deitada na areia e aquela linda garota estava ao meu lado, me abraçando... sentia o peso de sua perna e braço em cima de mim... mas não conseguia me mexer... estava escuro... a noite havia chegado... mas o que tinha acontecido?

- Finalmente acordou - comentou ela com impaciência. Apesar de ouvir esta frase, não estava entendendo nada... e ao direcionar os olhos para baixo, a coisa toda ficou mais bizarra ainda.

- Por que... estou sem roupa? Por que... você está sem roupa? Por que... está me abraçando? Por que... não posso me mexer? - questionei, agora assustada. Eu tinha desmaiado? Ela estava abusando de mim? Eu tinha me machucado feio? Minha cabeça estava totalmente confusa.

- O que você acha? Após cair das pedras igual a uma idiota, tive que me jogar na água para te salvar... quando finalmente consegui te tirar do mar, nossas roupas estavam encharcadas... precisei tirar para secar, estão ali na areia... aí com você desmaiada e tremendo, precisei te abraçar para esquentar seu corpo, porque já estava escurecendo. Não havia nada e nem ninguém por aqui, como eu ia te carregar ou buscar ajuda? Como você me deu trabalho - reclamou, se apertando mais ainda contra meu corpo.

Repentinamente me lembrei... que escalei as pedras e caí... tinha certeza que ia morrer, mas fui salva...

- Obrigada, você me salvou... mas por que não consigo me mexer?! Machuquei minha coluna?! - perguntei preocupada.

- Fique quieta um pouco - foi a resposta.

- Por quê?

- Cale a boca por um minuto, está tirando minha concentração... depois falamos - foi a resposta impaciente.

Obedeci e fiquei quieta, mas não entendi nada... só pude notar que aquela garota estranha continuava grudada no meu corpo, e seu belo corpo era tão quente, que sentia-me em uma sauna. Estava suando, quase tendo a pele queimada... mas como ela podia emanar tanto calor? Meu raciocínio estava nublado, pois aquilo era algo tão... sublime... que não queria que terminasse, queria sentir aquele calor para sempre...

Mas terminou... alguns minutos depois, Brigit me soltou de seu abraço e sentou-se na areia ao meu lado... de costas para mim, então só via seu cabelo longo e vermelho quase chegando no chão. Aquele formigamento no corpo havia passado e comecei a mexer lentamente meus dedos, as mãos, a cabeça... e depois de alguns segundos, dei um impulso e sentei, apenas para começar a tremer de frio.

- Que frio! Mas como não sentia nada até agora? Você... - disse olhando para ela, que voltou a me ignorar. - Por favor, continue perto de mim... seu calor estava tão... gostoso - pedi, sentando ao lado dela enquanto tremia bastante. - Por... favor...

Brigit hesitou por alguns segundos, mas deve ter ficado com pena da minha situação, pois esticou o braço por cima e me puxou junto ao corpo dela, me abraçando carinhosamente. E voltei a sentir aquele calor agradável e gostoso, com aquela pele macia e sedosa...

- Obrigada. Como você pode ser tão... quente? - perguntei impressionada, apenas para não ter qualquer resposta.

- Por que estava me abraçando? Como conseguiu me salvar? Por que queria me levar para o alto das pedras? Por que está me ignorando? Eu sofri um acidente, não foi minha culpa - perguntei sem receber qualquer explicação, pois tudo que tinha dela era aquele calor inexplicável. Mas de repente, uma lembrança muito estranha me fez falar algo que finalmente lhe forçou uma reação.

- Espera aí... me lembro de bater a boca na pedra, do gosto e da grande quantidade de sangue... dos meus braços e pernas se arrebentando... por que não sinto qualquer dor? Parece que só cai na água... o que aconteceu afinal?

- Não aconteceu nada, cale a boca se não vou embora e te deixo aqui sozinha.

A resposta foi em um tom tão ríspido, que decidi parar de perguntar.

- Tem razão, desculpe... você me salvou e nem agradeci. Obrigada - falei ao me virar para a abraçar em seguida... e ao alisar suas costas delicadamente, senti seu corpo tremer e retesar de uma forma bem engraçada.

- Pare... de me tocar! - disse de forma hesitante, mas sem me empurrar.

- Desculpe, foi só um agradecimento... mas quando sentei lá no banco, você só me olhou quando encostei no seu braço. Te incomoda ser tocada? Desculpe mesmo - falei envergonhada.

- Não me incomoda, muito pelo contrário... mas para te salvar, precisei te tocar e te sentir por horas e isso nos vinculou... se eu sentir você me tocando... sentir seu corpo se oferecendo voluntariamente... eu... eu posso perder o controle... faz muito, muito tempo que não sou tocada... não saberei quando devo parar.

Este comentário foi bem estranho... bom, na verdade ela É estranha... mas será que essa doida quis dizer que gostou do meu toque e não sabe o que pode acontecer? Se for isso é uma indireta que a deixo com tesão... será? E ela me abraçou e me esquentou por horas? Como assim isso nos vinculou? E por que eu estava pensando nisso? Só por que estávamos sozinhas, peladas, abraçadas e sua pele é delicada, macia e quente pra caramba? Creio que não deveria levar essa história adiante, mas só havia uma forma de saber...

- Tá bom, vou ficar quietinha, aproveitando sua companhia - disse, repousando meu rosto em cima dos pequenos e delicados seios dela. Que sensação excitante era sentir aquela pele macia e quente... mas foi mais gostoso ainda, notar que ela tremeu e suspirou.

- Brigit... sua pele é uma delícia, precisa me dizer qual creme hidratante você usa... a minha não chega nem perto, olha só - comentei enquanto passava a ponta dos dedos no seu braço, apenas para sentir seus tremores de novo.

- Por favor... eu não vou aguentar... pare... enquanto ainda é possível - balbuciou ela, com a voz trêmula.

- Mas por quê? É óbvio que você gosta do meu toque, e é tão linda... por que está se reprimindo? - perguntei enquanto levantava a cabeça, olhando diretamente naqueles olhos tão diferentes.

- Já disse... pare agora... não quero lhe ferir... - falou, cada vez mais hesitante. Era incrível como nem ela parecia convencida do que falava, e minha cabeça estava em conflito se a obedecia (a contragosto) ou a provocava mais (que era o que realmente queria fazer).

- Mas se você não é tocada há tanto tempo assim, do que tem medo? - perguntei, tendo o cuidado de não me mexer.

- Não tenho medo por mim... só não quero lhe fazer mal após ter te salvado - foi a resposta bem mais tranquila agora.

Aparentemente, se não a tocasse de forma proposital e ficasse apenas encostada, ela mantinha a calma. Mas com qualquer mínimo toque, ela tremia, arfava e nem conseguia falar direiro... qual era o problema desta garota? Como eu podia me interessar e chegar perto de uma maluca deste calibre? Mas no fim, creio que a insana era eu, pois decidi ser totalmente sincera e direta:

- Brigit, desde que a vi naquele banco... não sei se foi sua beleza, sua concentração, seu cabelo... não consegui parar de pensar em você... eu voltei porque não parava de pensar... sei que parece loucura...

- Esqueça, é perfeitamente normal, fique tranquila - foi a resposta sem qualquer emoção.

E assim ela conseguiu me irritar de novo... essa figura se achava tão irresistível que era normal e óbvio meu interesse? Como eu podia estar me sentindo tão... atraída... por alguém tão arrogante? Será que era um castigo por desprezar tantas pessoas que gostaram de mim? Minha cabeça estava cada vez mais confusa e para não xingá-la, mudei de assunto:

- Só me explica o motivo para subir naquelas pedras

- Você pediu um exemplo prático e lá de cima é possível ver uma ilha que está a nordeste daqui. Você veria que ao elevar os olhos, nosso raio de visão aumentava... é o mesmo conceito se você elevar a própria consciência - foi a resposta sem emoção de novo.

- Então você eleva sua consciência para enxergar mais longe? É isso? - perguntei, feliz por receber atenção, mesmo com certa má vontade.

- Sim.

- Mas você me ignorou a maior parte do tempo, igual está fazendo agora... por que quis me mostrar isso? - perguntei sem entender realmente.

- Talvez... tenha gostado de conversar com alguém após tanto tempo... retornei após uma longa ausência e creio que ainda não estou equilibrada o suficiente para conviver com outras pessoas... e foi este desequilíbrio que permitiu que você me notasse - disse ela com um suspiro, me fazendo entender menos ainda... essa garota parecia falar por enigmas, mas insisti:

- Você quer dizer que retornou aqui para o Brasil? Você é da Europa e lá as pessoas não são tão invasivas e calorosas como aqui, né?

- Algo assim - foi a resposta seca novamente.

Ela mudava de humor e tom a cada frase e isso era bem estranho também. Mas por mais que ela parecesse meia perdida, sentia que podia ajudar aquela moça... e mesmo não sabendo como exatamente, iria tentar.

- Talvez você precise se abrir mais com as pessoas... quem sabe eu possa te ajudar? - perguntei, alisando seu rosto, apenas para sentir seu corpo todo tremer novamente.

- Não... faça isso... - pediu ela, arfando.

- Você quer que eu faça... você precisa, não é? Pode se soltar comigo, eu vou adorar - respondi sorrindo, enquanto alisava suas costas.

- Você... não compreende... o perigo - foi a resposta, com o corpo tremendo mais ainda.

- Entendi que você precisa se equilibrar para conviver bem com as pessoas... mas como vai fazer isso, se não confiar em alguém e não sentir essa mesma confiança? Você me salvou e eu confio que não vai me ferir... eu só quero... sentir você - falei, dando um beijo leve no queixo dela, o que aparentemente a fez mudar de idéia.

- Sim, é verdade... eu preciso sentir... me lembrar como é sentir... eu... quero sentir você... sua energia é... deliciosa...

As frases dela continuavam a não fazer sentido, mas... a cada palavra, a vontade de tocar, acariciar e beijar aquela pele, alva e quente, aumentava. Se Brigit precisava sentir alguém, esta mesma necessidade estava me empurrando direto em sua direção.

- Eu confio em você... - balbuciei, alisando aquela lindo rosto e me aproximando delicadamente de sua boca. Neste instante, seu corpo esquentou ainda mais, até parecia que ia me queimar, mas não parei... e quando nossos lábios finalmente se tocaram, tudo ficou muito, mas muito mais estranho.

Brigit colocou a mão em meu rosto e o segurou com delicadeza, retribuindo o beijo com aqueles lábios macios como seda... nunca em minha vida senti uma textura tão delicada e nunca imaginei que poderia sentir algo tão inexplicável com um simples toque nos lábios, pois no instante seguinte, meu corpo inteiro amoleceu e me senti caindo, sem qualquer resistência... estar em seus braços era como flutuar a deriva, a mercê de uma correnteza, sem controle ou chance de sair.

Mas não me importava, aquele beijo era tudo o que eu poderia querer... e foi ficando mais intenso... mais... mais... até que a língua dela invadiu minha boca, sendo recebida imediatamente pela minha, sedenta por aquele toque... então... explodiu... a ponto de eu não conseguir gritar mesmo tentando, e não conseguia mexer os braços apesar dos terríveis espasmos, tentava bater as pernas no chão com violência mas elas não obedeciam e o pior de tudo, não conseguia respirar.

Foi só quando Brigit soltou meus lábios que entendi, ao mesmo tempo em que tentava sem sucesso sugar o ar desesperadamente... ao ter minha língua tocada, o êxtase que senti foi tão intenso e violento, que nunca acreditaria ser possível... naquele único instante eu senti mais prazer do que já havia sentido em toda minha vida, mas de uma vez só, sem aviso ou possibilidade de entender...

E antes que pudesse pensar, respirar ou falar qualquer coisa o beijo recomeçou... e após alguns instantes, explodiu novamente... mas não foi prazeroso, foi sufocante... eu não podia respirar, me mexer, gritar ou evitar... até que ela se afastou e me encarou, no momento em que eu tentava respirar de novo.

E seus olhos... aqueles lindos olhos estavam diferentes... eles estavam vidrados em conjunto com um sorriso sádico nos cantos dos lábios... eu não podia acreditar, não, eu NÃO QUERIA acreditar, mas fiquei aterrorizada... eram como os olhos de um predador, que estava se deliciando com a impotência de sua presa, era o olhar de alguém que não pretendia me deixar escapar.

Mas eu não podia falar, nem evitar mais um beijo e outra explosão... e outra... e após vivenciar toda esta alucinante e violenta sensação nunca experimentada por quatro vezes, eu parei de sentir meu corpo. Parecia que eu caía sem parar, como em um sonho... minha visão começou a escurecer, nada mais fazia sentido...

E a pior parte de todas, foi perceber nos meus últimos momentos, que independente de sua real intenção, Brigit não estava apenas me beijando... a inegável e horrível realidade era que esta mulher estava me matando, sem qualquer emoção ou hesitação, como uma serpente matando um roedor.

Então... tudo se apagou.